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Eleições em Uberaba – Nº 1

Gilberto Rezende
Publicado em 28/09/2021 às 18:31Atualizado em 18/12/2022 às 16:13
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Diversos projetos que visam reforçar o prestígio de Uberaba nas esferas políticas, estadual e federal aconteceram em momentos pontuais, realizados por líderes comunitários com os quais já tivemos a oportunidade de participar.

O primeiro projeto foi criado na década de 1990 e seu objetivo foi o de ampliar o Colégio Eleitoral da cidade. Era necessário combater a apatia de milhares de cidadãos que não se interessavam em tirar seu Título de Eleitor. Sendo o peso eleitoral um fator de força política, diversas entidades de classe participaram desse movimento.     

Havia o consenso entre as lideranças políticas de que Uberaba precisava atingir o mínimo de 200.000 eleitores. Esse número abria oportunidades para que os mais votados pudessem disputar o segundo turno. Era também a demonstração do potencial da cidade no cenário político nacional.   

Um dos líderes deste movimento foi Sebastião Silva, mais conhecido por Tião Silva. Ele agregou ao seu redor nomes expressivos que participaram exclusivamente com o intuito de contribuir com a comunidade.  

Nas eleições municipais de 2004, ano em que Anderson Adauto foi eleito prefeito, Uberaba ficou perto de atingir a meta, com 194.045 eleitores inscritos. Desses, a apatia eleitoral fez com que apenas 153.349 votos fossem aproveitados. Os 40.243 votos restantes foram perdidos: nulos e brancos e abstenção. Ou seja, de cada cinco eleitores, um deixou de fazer sua escolha.

Somente nas eleições de 2008 é que Uberaba atingiu o número de 203.451 eleitores, com direito à realização de segundo turno. Todavia, Anderson, que pleiteava a reeleição, conseguiu se reeleger, com 54,80% dos votos, o suficiente para evitar o segundo turno.

Nesse ano, Uberaba conquistou 9.406 novos eleitores, mas o número de abstenções somado ao de votos nulos e brancos atingiu 48.225 eleitores. Ou seja, desses 9.406 novos eleitores conquistados podemos dizer que apenas 1.877 deram um voto útil.

Outro projeto, também liderado por Tião Silva, foi o de Eleições Inteligentes, em 2001. Visava indicar nomes de pessoas, independentemente de partidos políticos, para concorrer a cargos na Câmara Federal e no Legislativo de Minas Gerais.      

O grupo questionava a dispersão de votos pelo excessivo número de candidatos indicados pelos partidos políticos. Isso fazia com que a potencialidade de nossa representatividade junto ao Governo Estadual e Federal ficasse reduzida.     

As reuniões do grupo, sem cor partidária, eram realizadas no escritório do Tião Silva e delas participavam sete diretores, pessoas cujo interesse maior era o fortalecimento político de Uberaba. Gradativamente, o grupo foi se adensando e terminou contando com diversos elementos representativos da comunidade. 

Eram participantes do movimento “Eleições Inteligentes”, entre outros, Dorival Cicci, Guido Bilharinho, Gilberto Rezende, Lélio de Oliveira, coronel Hely Araújo Silveira, Ari de Oliveira, Sérgio Marcos de Souza, Carlos Alberto Pereira, Sérgio Bilharinho e Afrânio Fernandes de Paula.     

Apesar da rigidez da legislação eleitoral, que praticamente cerceava a possibilidade de indicações de candidatos mais viáveis pelo grupo, houve uma grande melhora nos índices de aproveitamento de votos dos candidatos de Uberaba, conquistados pela conscientização da comunidade. 

Nas eleições de 2002, graças ao trabalho do grupo “Eleições Inteligentes”, Uberaba conseguiu eleger dois deputados federais, Anderson Adauto e Narcio Rodrigues, e três deputados estaduais, Paulo Piau, Fahim Sawan e Adelmo Carneiro, e, ainda, um suplente de senador, Luiz Guaritá Neto.     

Em 2006, a cidade “jogou fora” 60.000 votos entre brancos e nulos e para os “paraquedistas”. Eram votos suficientes para eleger mais um deputado Federal e dois Estaduais.

Por isso, em 2010, lideramos a campanha do Voto Útil, conclamando a população a votar em candidatos de Uberaba e a não votar nos “paraquedistas”, ou seja, candidatos que vêm buscar votos na cidade para assumir cargo na Assembleia de Minas ou na Câmara Federal, sem nenhuma vinculação com os interesses da cidade. O slogan era “Vote em quem você quiser, mas vote para sua cidade”. 

Decorridos mais de vinte anos do início destes movimentos, foram eleitos, no pleito de 2018, apenas um deputado estadual, Heli Andrade Grilo, e um deputado federal, Franco Cartafina. O suplente Aelton Freitas assumiu seu lugar na Câmara Federal em 2021 em razão da renúncia da deputada Margarida Salomão.

Em 2022, teremos novas eleições. Precisamos ampliar o número de nossos representantes junto ao Governo Estadual e Federal. Se não houver união entre as lideranças, vamos perdendo musculatura política. Há que se criar novos movimentos para despertar novas lideranças políticas. Temos uma razão muito grande para arregaçar as mangas em prol de nosso desenvolvimento. Somos todos, com muito orgulho, uberabenses.    

Gilberto Rezende - Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro; ex-presidente e conselheiro da Aciu e do Cigra

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