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O abraço cura

Marília de Dirceu
Publicado em 20/10/2021 às 21:32Atualizado em 19/12/2022 às 01:38
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Impossível represar lágrimas ao contemplar o rosto daquele jovem doente, magro, sofrido que, com uma rosa na mão, veio de longe se despedir.

“Deus lhe pague pelas palavras de conforto! Quantas vezes a senhora desligou o fogão para conversar comigo, sempre sorrindo.” Me entregou a rosa e se foi. Passaram-se três dias, tive notícias que ele havia desencarnado. Fiquei refletindo muito tempo sobre suas palavras.

Muitas vezes, nós estamos necessitando de sentimentos simples de serem doados ou recebidos e não percebemos. Quando doamos uma cesta básica, matamos a fome, o que é muito válido. No entanto, na realidade, principalmente neste momento conturbado de angústias, incertezas, medo e solidão, as pessoas estão famintas é de compreensão, tempo, acalento, ternura, uma palavra amiga, um sorriso, ouvir um “Como você está?”, “Se precisar, estou aqui!” ou até mesmo um “Fique com Deus!”.

A aflição e a angústia são espinhos que ferem a alma. Estamos carentes de um abraço e não percebemos o quanto ele pode ser a cura. Aquele abraço verdadeiro, de coração com coração. Sentimento que reforça o quanto o mundo está precisando de menos julgamento e mais empatia. Mais paciência. Mais leveza.

Na correria da vida, estamos esquecendo o mais importante: VIVER! Apreciar a natureza, o gorjear de um pássaro, sentir o perfume das flores, contemplar as estrelas, a lua, o sol. Olhar nos olhos, ouvir de verdade as pessoas, sentir a música tocar o coração, sorrir ou chorar se sentir vontade. Degustar aquela comida preferida, sentir o sabor e o aroma sem pressa e sem culpa. Lambuzar-se com aquele sorvete e voltar a ser criança. Lembrar-se da infância, da adolescência, ser saudosista. Por que não?

Sorrir, chorar e até falar sozinho. Rir de si mesmo. Ser leve. Lembrar do último abraço, do último beijo, não esquecer de despedir. Nem que seja um até logo... talvez pode ser o último. Enfim, ter gratidão pelos detalhes. Gratidão por estarmos vivos!

Estejamos cada vez mais conscientes de que somos eternos aprendizes, tentando ser pessoas melhores, lapidando nosso diamante interior, independente de nossas falhas. Sempre lembrando que todos nós temos luz e nascemos para brilhar. Seja qual for nosso passado e trajetória. Sejamos luz na vida das pessoas.

Marília de Dirceu

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