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Pensando o pensamento

Sandra de Souza Batista Abud
Publicado em 28/08/2021 às 13:44Atualizado em 19/12/2022 às 02:23
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O que é pensamento? É o ato ou efeito de pensar.

E pensar? O que é? Pensar é submeter algo ao processo de raciocínio lógico, é exercer a capacidade de julgamento, dedução ou concepção, é refletir.

O pensamento é o suporte para as escolhas certas, para vencer, para ser saudável física e mentalmente, para ter alegria e satisfação. Do pensamento depende a atitude diante da vida, do pensamento dependem as conclusões, as soluções para enfrentamentos e observações.

O pensamento claro, objetivo, real, criativo disponibiliza a resolução de problemas, encontra explicação para fatos e situações assim como disponibiliza a apreensão de significados, a autonomia, a integridade de sentimentos e comportamentos, a disciplina do espírito, o controle da mente. O pensamento permite a formação da própria identidade e da própria individualidade.

Sabe-se dá importância do saber pensar para o homem e para a mulher.

Quantas vezes a vida de alguém já dependeu do seu pensamento? E atualmente então? Sempre existiram interesses conflitantes e contraditórios lutando pelo controle do pensamento de cada um. E, assim, existe também a necessidade da clareza de pensamentos, da vastidão de espírito, coragem e resiliência nesses momentos de embate e altercação para executar as melhores escolhas.

Aprender a pensar é o necessário, o importante, o primordial.         

Como aprender a pensar?

Aprender a pensar é preocupar-se com o como pensar e não com o que pensar. Aprendendo a pensar como o indivíduo se prepara para fazer escolhas certas, para expressar-se com elasticidade e brandura, para criar com ardor e inspiração. Ao aprender a pensar como o sujeito consegue generalizar experiências e resolver problemas com precisão, habilita-se para refletir com clareza, atingindo conclusões justas que o levarão ao sucesso e à satisfação pessoal. Ao contrário, aquele que aprende a pensar no que apenas perde a individualidade sadia, a liberdade de escolha, deixa de ser um agente moral livre, como se estivesse passado por uma lavagem cerebral originada em fontes influenciadoras.

Como se aprende a pensar com clareza?

Como se forma a opinião própria?

O que é opinião? Opinião é a maneira de pensar, é um modo de ver fatos, pessoas, coisas, é a forma de julgar, é o ponto de vista individual, isto é, opinião é uma relação mental, é uma impressão própria ou não, sobre algo ou alguém. Assim, tem-se opiniões sobre vários assuntos, como religião, política, inflação, poluição, ecologia, lugares, moral, pessoas, carros, vestuário, esporte, profissões, horários, educação, violência, pandemia, conflitos atuais...

Aqueles que não se preocupam com a opinião própria, ou ainda com a forma pela qual suas opiniões foram ou são formadas, geralmente se complicam na vida, tornando-se rígidos, obsessivos, moralistas e até preconceituosos entre outras qualidades negativas.

As opiniões não nascem com o indivíduo. São resultado de um aprendizado.

Qual a origem de suas opiniões?

A resposta a essa pergunta é de grande importância, pois o fato de se pensar com clareza — o que não quer dizer que é com certeza — é ter conhecimento da origem da opinião, é questionando-se: “Como consegui pensar como penso?” Como cheguei a essa impressão? “Que fonte influenciou a minha opinião, a família, a escola, a igreja, as companhias, os meios de comunicação?” Estas fontes são denominadas como sendo agências socializadoras as quais têm a função de preparar a infância para entrar no mundo adulto.

Mais fortes e duradouras são as intervenções familiares. É com a família que a criança aprende a agir, sentir e pensar, sendo que as infantes desenvolvem suas primeiras impressões sobre tudo, as quais vão se firmando e consolidando-se até se tornarem opiniões, opiniões estas, com as mesmas perspectivas da família, com punições e recompensas conforme o comportamento adequado ou não. Neste contexto, os jovens vão se vendo conforme os pais esperam e desejam que eles se vejam.

A influência da igreja na formação de opiniões é maior ou menor, dependendo do lugar e da cultura. E, nas famílias em que a igreja ou religião tem grande espaço, o indivíduo aumenta ou restringe noções de culpa, de certo e errado, de castidade, de promiscuidade, de salvação, de pecado, entre outros conceitos e de valorização de si e de bom cidadão.

A escola é o novo, a novidade, o conhecimento, a educação formadora de opiniões. Os ensinamentos, as reprimendas, os elogios, as brincadeiras, a seriedade, tudo influencia a criança e o jovem, fazendo com que ele saia da faculdade, por exemplo, diferente e com dúvidas.

Colegas e amigos também exercem sua influência neste contexto. Quanto mais afeto e interação, mais intervenções/ e mudanças de comportamento. Aqui entram também sentimentos de inveja e admiração.

Grande poder de persuasão e intervenção na formação de opiniões vem dos meios de comunicação de massa, como a internet, a televisão, os livros, os filmes... os quais alimentam a mente, propiciam uma visão de mundo, transmitem informações e deformações. É interessante lembrar que os meios de comunicação não apresentam todos os dados relativos aos fatos selecionados por eles em suas transmissões.

Conclui-se então que quanto mais o indivíduo conhecer as fontes formadoras de suas ideias, mais poder terá no direcionamento de sua vida, e, quanto mais o sujeito souber de si, mais livre será. A espontaneidade de pensamentos vem da possibilidade de pensar com clareza, o que mostra que a importância está não no que pensar, mas no como pensar, conhecendo a origem de suas opiniões.

O sucesso verdadeiro não seria conhecer-se e ter a sua opinião própria, aquela que revela a sua verdadeira maneira de pensar, a sua autenticidade? Não seria relevante sempre se perguntar se seus pensamentos são determinados e impostos por alguma agência de opinião, ou são realmente seus?

Urge que pais e professores eduquem as crianças e os jovens para que sejam sujeitos pensantes, e não simples transmissores de pensamento dos outros. Urge educar para que sejam pessoas fortes para pensar e agir com amplidão de espírito, clareza e coragem nas opiniões e convicções.

Sandra de Souza Batista Abud

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