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Ataques na internet podem ser determinantes nos casos de suicídio entre jovens

Alexander Bez
Publicado em 04/08/2021 às 18:41Atualizado em 18/12/2022 às 15:21
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A morte precoce do jovem Lucas Santos, filho da cantora de forró Walkyria Santos, de apenas 16 anos, mobilizou internautas e levantou uma discussão sobre cyberbullying e suicídio. Após a fatalidade envolvendo o jovem, que foi encontrado sem vida em casa nessa terça-feira (3), Walkyria, ex-vocalista da banda Magníficos, muito abalada, gravou um vídeo em sua conta no Instagram, com o intuito de fazer um “alerta” para as pessoas, e explicou que o filho tirou a própria vida depois de ser duramente criticado por um vídeo publicado no TikTok ao lado de um amigo.

“Hoje (terça-feira), eu perdi meu filho, uma dor que só quem sente vai entender. Ele postou um vídeo no TikTok, uma brincadeira de adolescente com os amigos, e achou que as pessoas iriam achar engraçado, mas as pessoas não acharam, como sempre, as pessoas destilando ódio na internet. Como sempre, as pessoas deixando comentários maldosos. Meu filho acabou tirando a vida. Eu estou desolada, eu estou acabada, eu estou sem chão”, disse, emocionada. 

O suicídio, como explica o psicólogo Alexander Bez, não é um comportamento isolado, mas multifatorial – envolve uma série de aspectos, como um transtorno mental e/ou depressão. Nesse sentido, uma situação como ataques sofridos na internet pode ser a “gota d’água”, um desencadeador, que se soma a um histórico. “Na internet, mensagens com imagens e comentários depreciativos se alastram rapidamente e tornam o bullying ainda mais perverso. Como o espaço virtual é ilimitado, o poder de agressão se amplia e a vítima se sente acuada. E o pior, muitas vezes, ela não sabe de quem se defender. E, se a pessoa já tem uma tendência prévia para o suicídio, essa enorme pressão coletiva só aumenta ainda mais o gatilho que faltava para esse impulso suicida” – pontua Alexander. 

O especialista chama atenção para o efeito devastador que tais ataques na web podem ter em alguém que não está bem psicologicamente e sem a capacidade interna de enfrentar aquilo. “As pessoas se escondem atrás das redes e agridem as outras. É muita maldade. Essa agressividade, um ato de racismo ou homofobia, maltrata intensamente. E nem todo mundo consegue suportar esse quadro de pressão” – alerta. Bez explica que, nesses casos, o ideal é buscar ajuda psicológica e contar com uma rede de apoio para a vítima. “É necessário denunciar a fonte de comentários preconceituosos. A família também pode dialogar com a vítima e fornecer o apoio necessário. Se o jovem começa a se isolar, ter perda de prazer pela vida, de interesse no que gostava antes, os pais precisam ficar atentos para reverterem o quadro” – finaliza o especialista. 

Alexander também destaca que o ambiente digital, apesar de ajudar pessoas a expor o que estão sentindo, pode, por outro lado, trazer informações perigosas sobre automutilação e suicídio, além de estimular essas práticas. Por isso, pais e familiares precisam ficar vigilantes. 

Alexander Bez

Psicólogo

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