ARTICULISTAS

Restam apenas as lembranças

Os latinos possuíam um dito muito significativo: “Sic transit gloria mundi” (Assim passa a glória do mundo).

Padre Prata
Publicado em 09/03/2019 às 13:27Atualizado em 17/12/2022 às 18:52
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Os latinos possuíam um dito muito significativ “Sic transit gloria mundi” (Assim passa a glória do mundo). Quero deixar bem claro que a crônica de hoje é imprópria para os menores de 70 anos. Se você é mais novo, pare a leitura e procure coisa melhor para ler. Vou falar sobre o Uberaba Sport Club. Eu deveria ter apenas uns seis ou sete anos, quando meu pai, pela primeira vez, levou-me a um campo de futebol. Uberaba iria jogar contra o Peñarol do Uruguai. Nunca tinha visto tanta gente em minha vida. Lembro-me apenas dos meninos pendurados nos bambus gigantes ao lado do campo, nos terrenos do Diocesano, tentando ver o jogo lá daquelas alturas.   O tempo passou. Na década de 37, minha família mudou-se para a cidade. Foi naquela época que o Uberaba montou e melhor time de todos os tempos. Era um time pirata, formado de jogadores que criavam problemas em seus times e vinham para o Uberaba, no auge do zebu. Havia dinheiro sobrando. Guardo na memória até hoje a formação daquele time: Raimundo (ou Kong), Virgílio e Piolim; Rui, Lago (uruguaio) e Ayala (paraguaio); Juca Pato, Geraldino, Yamond, Zé Velho e Manja. Não disputávamos o Campeonato Mineiro, eram todos jogadores ilegais. Vencemos, em amistosos, todos os times de BH e vários de São Paulo. Era uma festa. A imprensa de BH não nos poupava. Chamava o Uberaba de “valhacouto da escória do futebol nacional”.   Quando esse time se dissolveu, Virgílio e Piolim foram para o São Paulo e jogaram na Seleção Paulista. Ayala foi para o Santos. Juca Pato foi para o Corinthians (com o nome de Boulanger). Geraldino foi para o Botafogo do Rio e Manja foi para o Palestra Itália (hoje Palmeiras).   Na década de 50, conheci o melhor time que o Uberaba já formou dentro da lei. Não era um time pirata. Foi o tempo de Vilmondes, do Alaor, do Elpídio. Muita gente ainda se lembra dos atacantes famosos, Fausto, Paulinho, Gabardinho, Tati e Oliveira.   Depois vieram épocas de altos e baixos. Muitos aventureiros procuraram tirar proveito do time, mas quase nada se fez. Ainda hoje, alguns idealistas abnegados tentam reerguer o time. Quase nada conseguem. Não é fácil montar um time sem dinheiro e sem ajuda. Assim sendo vamos ficando na saudade, na recordação dos bons tempos.   Padre Prata  

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