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A Economia Comportamental e a Felicidade

Rafael Campos Oliveira Jordão
Publicado em 25/07/2020 às 12:07Atualizado em 18/12/2022 às 08:11
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Entre os focos de estudos da economia comportamental está a felicidade e o bem estar. O que fazemos com nosso dinheiro é importante, porém o dinheiro por si só não traz felicidade. O dinheiro traz é satisfação com a vida e uma avaliação positiva com o que foi feito. Porém emoções positivas não são compradas com ele.

Um dos responsáveis por estudos sobre felicidade é o inglês Paul Dolan, ele ajuda o governo britânico em políticas de bem estar para a população. E possui uma fórmula para a felicidade que é basicamente: felicidade é função de prazer e propósito. F=(P;p). E o que isso significa?

Há um conceito econômico que se chama utilidade marginal decrescente. Ele é fácil de entender por meio de um simples copo de água. Imagine que eu ofereça um copo e você me agradece pois estava com sede. Então ofereço um novo copo de água, você gosta, mas o segundo já não é tão legal quanto o primeiro. E então eu de forma inconveniente ofereço o terceiro e você bebe até com certo desconforto. O quarto copo é demais. Aquilo já não é mais agradável.

O que aconteceu aqui é que a utilidade do copo de água foi caindo. O primeiro copo é o melhor, o segundo é legal, o terceiro até vai, o quarto já não tem muita utilidade para você. Essa é uma explicação grosso modo da utilidade marginal decrescente. Paul Dolan alega que um dos focos da felicidade deve ser equilibrar esse conceito entre o prazer que você tem na vida e o propósito. Como assim?

Se você fizer algo que te dá prazer, e depois fizer algo que ainda dá prazer a utilidade irá diminuir e em pouco tempo aquilo já não vai ser tão legal quanto no início. Da mesma forma o propósito. Se você só fizer coisas com propósito verá que logo aquilo não terá muito sentido. Entenda por prazer atividades que literalmente dão prazer: ver tv, jogar algo, coisas que você goste. E entenda por propósito atividades que mesmo que não sejam tão legais tem um objetivo clar estudar (para alguns), lavar louça, higienizar os alimentos durante a pandemia.

Você não deve entender que as atividades são puramente prazer e puramente propósito. Atividades de caridade envolvem um propósito, mas são relatados altos níveis de prazer também. Cuidar dos filhos é outra coisa que possui prazer, mas possui uma dose cavalar de propósito.

É comum pessoas na faixa dos 30 anos serem uma máquina de propósito por querer produzir demais, o que vemos de relatos é que ao aposentar esses costumam se arrepender de não ter aproveitado mais a vida, ter mais prazer, o importante aqui é focar no equilíbrio. E como?

Uma das sugestões é que você se pergunte, e até anote, as atividades que fez no dia e quanto aquilo rendeu de prazer e propósito (de uma nota de 1 a 10). Observe ao longo de algumas semanas se sua vida pende muito para prazer ou muito para propósito. E tente fazer o equilíbrio. Você pode às vezes ficar com preguiça e dizer que não é uma tarefa muito simples, mas já é um começo. Ser feliz dá trabalho, só que os relatos é que vale bastante apena.

Referência: Dolan, P. (2015) Felicidade Construída. Objetiva. Rio de Janeiro.

Rafael Jordão, é psicólogo de formação pela Universidade de Uberaba, possui MBA na área de Economia Comportamental pela ESPM e é mestrando em Psicobiologia na linha de comportamento econômico na USP. Atualmente é psicólogo organizacional na Ebserh. @rafael.jordao

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