Imagine que a Pandemia acabou e que você está com uma vigem marcada para Recife. A praia é ótima. Porém no último ano ocorreu um ataque de tubarão. Quando chega nas tão desejadas férias fica com receio de entrar na água com medo do ataque do bicho, afogamento é algo que nem passa pela sua cabeça, mas animais debaixo da água atacando tira seu sono. Se você fez isso, está sendo vítima de uma simplificação que seu cérebro fez: Ele utilizou a disponibilidade.
A disponibilidade funciona quando achamos que a frequência de alguma coisa no mundo é ditada pela facilidade que isso vem a nossa memória. Um ataque de tubarão chama muito a atenção. Então isso fica martelando na nossa cabeça, fazendo com que fiquemos em alerta, quando na verdade afogamentos são infinitamente mais comuns que ataques de tubarão. Nos preparamos para uma coisa quando o risco está em outro lugar.
Durante a pandemia conseguimos ver muitas vezes esse mecanismo. Considere quantas notícias de novos vírus e pandemias surgiram nesse ano? Muitas não? Pandemias prestes a explodir em algum local do mundo, novos vírus mortais, quando na verdade esses fatos são corriqueiros. Eles existem e sempre existiram no planeta, mas como é uma informação que está aparecendo com frequência na nossa mente, por conta do estado atual que vivemos, achamos que ela é mais comum do que é de verdade.
Uma das maneiras de se combater esse tipo de pensamento é focar em números. Ataques de tubarão nos últimos 100 anos não chegam perto da quantidade de pessoas que se afogaram em praias. Quanto a pandemia, uma das maneiras é tentar desligar um pouco as fontes de informação. Você se lembra daquilo que vê e ouve com frequência, quando isso não ocorre você invariavelmente acaba esquecendo.
