ARTICULISTAS

Percepção do cotidiano

Vania Fonseca
Publicado em 16/06/2020 às 06:54Atualizado em 18/12/2022 às 07:06
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De quem é a coroa? Do vírus ou do rei?

A vida ganha os cenários das mídias! Há exposição excessiva de produções materiais e espirituais; de pensamentos, sentimentos e emoções. Na busca por felicidade, vendem-se imagens de coisas e personas; sonhos e ilusões são comprados. Eis a questã fruto de evolução ou vício?

Percebe-se, na ânsia de aquietar a mente, a guerra pela exposição do “eu” social misturada à “coisificação” de mundos, à comercialização de extratos humanos gerados pelas inovações das tecnologias de informação e comunicação! Ao abrir o mundo da internet, depara-se com o inimaginável e pergunta-se: há segredos? Há intimidade? Sem que se façam buscas, há mostras de produtos de beleza a carros futuristas; dietas milagrosas disputam as bocas sedentas pelo corpo perfeito; orações e mantras tentam ganhar a escolha da alma infeliz; a medicina moderna se alia à medicina tradicional chinesa em receituários indicativos de vida saudável; pensadores clássicos sobrevivem ao aparente vazio da morte e discutem com estudiosos contemporâneos!

Enfim, a vida humana se desnuda pela prática do marketing digital! O cidadão comum ganha notoriedade pela exposição de seus feitos e ideias. Um ponto vira um conto em questão de segundos em face da visibilidade, oportuna ou não, permitida pelas mídias sociais.

Estamos nus! A liberdade de expressão é corrompida pela não observância da ética. O mundo exposto grita! Ainda há limites? Em meio à salada de informações, ao barulho do caos, clama-se pela paz interior que remonte à vida do homem primitivo, à dieta paleolítica ou low-carb, ao silêncio das montanhas tibetanas! Interessante, por que não engraçado, vida rica por contrastes! Aonde chegaremos? Vida em Marte? Talvez exista este desejo em cada pedaço de terra longínqua que há dentro de nós!

Em uma sociedade polarizada, vive-se a perda de sentido para se encontrar a verdade, hoje subtraída pela necessidade individual de quem será o detentor da vitória em um mero discurso! O que importa é quem grita mais alto! Do topo do escalão da República, o exemplo de impropérios descabidos e infrutíferos registra-se pela falta de empatia, em favor do descaso para com idosos, índios e COVID-19. A linguagem chula “manda” o cidadão “calar a boca” e é privilégio de quem se intitula mandatário superior à democracia! Diante de personalidades desvirtuadas e pensamentos ilógicos, de quem é a coroa: do vírus ou do rei?

Conveniente se faz aterrissar no mar de possibilidades infinitas de significados que cada um traz em si mesmo; posicionar-se no agora; ter visão clara com propósitos realistas e éticos que possam terminar em escolhas conscientes sem contaminantes viciadores. Acreditar que a vontade por inovações pode ser tormentosa, porém rica como fator de crescimento; que o segredo para se chegar à felicidade está no encontro com a vida simples, sobretudo, pela presença do afeto como ingrediente na companhia do cotidiano.

Profª Drª Vania Fonseca

Bióloga e Pedagoga

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