ARTICULISTAS

Percepção do cotidiano

Vania Fonseca
Publicado em 10/06/2020 às 21:19Atualizado em 18/12/2022 às 06:58
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A fera que habita em nós!

Por muito, a luta entre bem e mal persistirá em nós, parte que é da natureza humana. Esta concepção dualista leva o indivíduo a crescer ou se rebelar! Evolui quando encontra o bem no mal aparente que habita em si mesmo. No confronto com a dor pode deparar-se com a cura! Na dificuldade, encontrar a possibilidade da luz!

O momento atual propicia a autorreflexão pela pausa do distanciamento social; pelo aquietar-se, mentalmente, em busca de respostas aos diferentes porquês da vida que grita um estado geral polêmico e desgovernado. A revolta interna do cidadão ganha as ruas, não cerceada pelo respeito à pandemia (Covid-19), pois é mais trágica, destemida, capaz de subjugar, pela força bruta, a respiração de outro considerado diferente em direitos e garantias fundamentais, devido à cor da pele!

O mundo grita diante da presença marcante da falta de iluminação em cada ser humano! Em meio à vida, a morte é comprada pela mínima nota de dólar. Princípios democráticos, que deveriam guiar a soberania nacional, cavalgam em atitudes fascistas que refletem a insanidade devida à desmedida ganância pelo poder. Necessário se faz o respirar profundo para ver em si mesmo a falta de senso, trazer a alma para o agora, cortar a sintonia com as vãs ilusões e alucinações apropriadas à fera que reside nos porões da animalidade humana.

As tecnologias de comunicação e informação retratam passeatas compostas, em maioria, por jovens coloridos em diferentes tons de pele! Na alma, apenas o “black” pelo luto a George Floyd assassinado por policial. Esta luta reacende, em altos brados, a indignação contra o racismo ao afro-americano nos Estados Unidos da América, mediante o movimento “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam).

Contudo, a história tem registrado diferentes episódios massacrantes à dignidade humana, relativos à violência por segregação racial. Nos EUA, a guerra se move em busca da legitimidade da identidade da minoria afro-americana em sua população. Na África do Sul, o fim de “Apartheid”, por Nelson Mandela, jogou por terra práticas racistas cometidas pelo colonialismo inglês contra a maioria negra! No Brasil, as sequelas da escravidão humana tingem a maioria de sua população, afro-brasileira, pelo sofrimento e subjugação corpórea e moral. Em todos estes casos, vidas árduas são seladas por desafios cruciais em diferentes culturas sociopolítico-econômicas, sob o jugo da fome, sede, intempéries da natureza e dos corações, desde o berço de tud a África!

As vozes clamam por solução democrática mediante a escolha de representantes das nações pelo voto! Esperança que se dilui quando se sente na pele que não há “salvador da pátria”! É preciso endireitar o corpo, enxergar ações egoístas e reconhecer a miséria humana em si mesmo! Oportuno lembrar o caminho mostrado por Paulo de Tarso (1º Coríntios 13:1): “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o sino que retine”.

Visão realista perceber a paz escapar por entre dedos, negligenciada pela não compreensão de ser possibilidade em cada ser humano!

Vania Fonseca

Bióloga e pedagoga

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