ARTICULISTAS

Os Centennials e o abandono digital

Heloisa Helena Valladares Ribeiro
Publicado em 11/11/2021 às 18:43Atualizado em 18/12/2022 às 16:43
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Cuidar significa assistir moral, material, psicológica e socialmente o outro. Esse cuidado constitui um dever dos pais ou responsáveis para com seus filhos e destes para com seus genitores, na velhice.

No exercício da função parental, nós temos o dever de cuidado, mas fiscalizar digitalmente os filhos menores constitui dever parental.

Estamos diante das pessoas conhecidas como da Geração Z (nascidos entre 1990 e 2010) Centennials, que são aquelas conectadas num ambiente online, com troca instantânea de informações, dominam a tecnologia, são mais críticos, exigentes, autodidatas e não gostam de seguir hierarquias (ou acham desnecessárias, na maioria dos casos).

Além de assisti-los, criá-los, educá-los, cuidar da integridade física, mantê-los financeiramente, garantindo para que fiquem protegidos da violência, crueldade e opressão, hoje, com a evolução social da internet e dos celulares, devemos colocá-los a salvo de toda forma de invasão em sua privacidade e em seus dados pessoais.

Na Internet existem coisas boas e ruins, sendo importante o exercício do dever de fiscalizar os menores, ainda que em paralelo a este dever exista a necessidade de garantir-lhes o direito à autonomia privada e liberdade inerentes à idade, para um crescimento social saudável.

A questão da privacidade de uma criança e de um adolescente na Internet deve ser mitigada, pois qualquer violação praticada quem responde são os pais ou o responsável legal.

Confesso que tenho dificuldades de acessar as novas tecnologias, nosso cotidiano está muito agitado, mas isso não impede de buscarmos ajuda e conhecimento sobre os Predadores Virtuais.

Nossos filhos e netos estão cada vez mais expostos a um ambiente virtual de forma gradativa e silenciosa.

A inexperiência deles traz consequências desastrosas e imprevisíveis, por isso, torna-se tão necessária a questão da afetividade, a questão do cuidado.

Precisamos pensar na quantidade de adolescentes que têm acesso a conteúdo de autodano, como aqueles que incentivam ao suicídio e quantas adolescentes do sexo feminino praticaram ou foram vítimas de sexting.

Sexting é a prática de enviar conteúdos eróticos por aplicativos e por redes sociais, em forma de texto, de fotos ou de vídeos.

Mesmo que os menores acessem a internet dentro de casa, nada garante que haja uma real fiscalização dos pais e responsáveis sobre o que está sendo acessado.

Os pais ou responsáveis nunca devem se esquecer que a Internet pode transportar a criança e o adolescente a qualquer lugar e expô-los aos perigos que eles tentam evitar nas ruas.

Na verdade, há uma falsa sensação de segurança, pois o fato de a criança estar sentada no sofá de casa, sob os olhares vigilantes dos pais, não significa que ela está segura, pois a internet pode transportá-la.

Não deixem seus filhos abandonados na calçada digital da internet; ainda que existam leis e a possibilidade de controle de canais impróprios pelos pais prevista na Lei do Marco Civil da Internet, impera a imprevisibilidade.

Contra a negligência parental, que se traduz em abandono afetivo, precisamos da educação digital, do olhar assíduo e presente e da construção de diálogo constante.

Heloisa Helena Valladares Ribeiro

Advogada e presidente do Ibdfam Núcleo Uberaba

@ibdfamnucleouberabamg

@valladaresribeiro.advogados

 

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