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A sociedade corrompe os indivíduos?

Matheus Felix Ribeiro
Publicado em 09/03/2022 às 19:11Atualizado em 18/12/2022 às 18:41
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Uma das preocupações filosóficas mais antigas é sobre a origem do mal. Um dos motivos que levaram tantas sociedades e pensadores a dedicarem suas vidas a pensar sobre essa questão se deve aos terríveis efeitos danosos que o mal causa, seja nos indivíduos, nos grupos ou nas instituições. O mal é aquilo que deve ser evitado.

Uma das frases que melhor exemplificam como pensamos o problema do mal na sociedade é aquela do filósofo francês Jean-Jacques Rousseau de que o ser humano nasce bom, mas é corrompido pela sociedade. A relação indivíduo-sociedade fica claramente expressa nessa frase. Vamos pensar sobre ela. Inicialmente, o filósofo diz que o ser humano nasce bom. Isso implica dizer que existe algo que faz parte da natureza humana, ou seja, que existe algo que é naturalmente compartilhado por todos os seres humanos, independente de seu local de nascimento, sua condição financeira, gênero ou raça. Essa ideia é muito importante, pois nos apresenta uma teoria sobre a humanidade de que somos seres que nascemos voltados paracomportamentos bons, morais, voltados para a cooperação com outros indivíduos na medida em que não objetivamos causar o mal.

Na segunda parte da frase, o filósofo diz que a sociedade corrompe o ser humano. Façamos uma reflexão. Você acredita que pessoas que nascem em ambientes hostis, em situações de calamidades climáticas ou situações de guerra, com privação de afeto, que são vítimas frequentes de violência, podem se tornar mais maldosas do que indivíduos que não passaram por esse tipo de experiência em suas vidas?

Se tal for verdade, será que existem meios pelos quais seja possível fazer com que a suposta bondade natural volte a prevalecer, mesmo em pessoas que nasceram em ambientes hostis? É certo que sim. Uma das características mais marcantes da natureza humana é sua incrível capacidade de cooperação, de formação de grupos. Muito embora o passado de determinadas pessoas possa ter sido traumático e seus comportamentos serem considerados maus, ao se engajarem em grupos que favoreçam comportamentos cooperativos, suas atitudes e crenças podem se alterar em função das novas relações interpessoais.

Matheus Félix Ribeiro

Psicólogo Cognitivo-Comportamental

Professor na Universidade de Uberaba

Vice-coordenador do IBDFAM Núcleo Uberaba/MG

 

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