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Qual é o Problema?

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 16/08/2021 às 20:00Atualizado em 18/12/2022 às 15:41
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Fila no caixa do supermercado. Obedecendo ao distanciamento ora requerido, coloco-me atrás de uma jovem que tem suas compras registradas. É uma moça de aparência saudável, compleição sólida, nem gorda nem magra. Veste-se com roupas práticas, que favorecem o movimento. As compras são numerosas. Ou tem família muito grande, ou a compra é profissional.

O que chama a atenção é a dinâmica da operação. A funcionária no caixa passa cada item. Quando alguns se acumulam, abre um saco de plástico para guardar aquele grupo. Também abre um segundo saco, que o plástico é muito fino e há risco de rompimento. Vai acumulando as compras duplamente ensacadas na zona de “já registrados”, empurrando-as, a fim de criar espaço para mais artigos. Ou seja, faz tudo.

E a compradora? Deixa-se estar quieta, encostada ao móvel, fazendo e olhando para o nada. Tendo na mão uma bolsinha onde deve estar o dinheiro, apenas espera, inútil, enquanto a caixa acumula todas as tarefas, alternando entre registrar, abrir sacos, acondicionar os volumes e organizar o espaço à medida que avança.

Poderia ser uma condição de incapacidade física, porém não foi o caso. Ao final do processo, a compradora pagou e prontamente apanhou tudo, distribuindo o peso entre as duas mãos. Saúde, força e coordenação motora ela tem. Poderia ter ajudado durante toda a operação, apenas escolheu não o fazer.

Por quê? Talvez nem lhe tenha ocorrido outra forma de agir. É possível. O fato é que aquela tarefa poderia ter sido concluída de maneira mais rápida e eficiente com uma divisão mais racional entre as duas pessoas envolvidas. Uma registrasse, outra abrisse os sacos, alternando-se na distribuição. A fila andaria mais rápido; o supermercado poderia vender mais; seria poupado o tempo de todos os clientes, o que os liberaria para outras atividades; a produtividade geral aumentaria. Um grãozinho de areia como esse, replicado milhares de vezes, faria diferença para o país.

Fico pensando naquelas pessoas que se queixam do estado geral das coisas, da vida difícil, dizendo que tudo é penoso e ninguém ajuda. Pois bem, fazemos quando ajudamos a nós mesmos, dando o nosso melhor em todas as oportunidades que se nos apresentem. Só assim mudamos a nossa realidade e provocamos a mudança geral que queremos ver.

Ana Maria Leal Salvador Vilanova

Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica

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