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O que aprendi com os bandidos

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 12/07/2021 às 21:53Atualizado em 19/12/2022 às 03:00
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Há uma série muito boa, chamada “Os Americanos”. Os cidadãos em questão são, na realidade, um casal de espiões russos, mas tão enraizados nos Estados Unidos, que ninguém desconfia da sua verdadeira identidade, muito menos da sua atividade criminal. Elenco espetacular, produção caprichada, roteiro bem construído, entretenimento assegurado.

O casal vive no limite, já que tem que gerir toda a vida “oficial”, com a família (eles têm dois filhos adolescentes), o trabalho (uma pequena agência de viagens, de sua propriedade) e amigos, inclusive o vizinho de frente, que é policial federal. Com tudo isso, conseguem se ocupar com ações cada vez mais ousadas, com o objetivo de cumprirem cada missão que recebem de Moscou.

Tudo muito bem, vamos nos envolvendo nos imbróglios dos dois, porém, o que mais me chamou a atenção foi outra coisa. Com toda a confusão e risco que eles correm, com tudo o que têm que fazer, a casa deles está sempre nada menos que perfeitamente arrumada.

Depois de assassinar um adido de um país estrangeiro, encontramos a dona de casa na lavanderia, no porão, dobrando a roupa lavada, situação em que a encontra sua filha, que já começava a desconfiar.

Onde ela acha tanta energia? Continuei vendo a série mais tempo do que o meu interesse inicial me levava, tentando descobrir. Como? Não havia empregada, por motivos óbvios. Marido e filhos ajudam, entretanto o trabalho de espionagem é supercomplicado, envolve muitas viagens e incertezas na programação.

E a casa, impecável! Qual é o segredo? Será que vinha uma equipe de limpeza, que não só fazia a faxina como também organizava tudo? Não parecia ser o caso, chamaria demasiado a atenção da vizinhança. Eram eles mesmos que faziam tudo.

Pra gente ver que temos algo a aprender com qualquer pessoa. Além de peritos em sacanagens internacionais, o casal era fantástico em gestão. Se fosse hoje em dia (a série se passa nos anos 80), eu totalmente participaria de um seminário sobre o assunto, caso os dois pudessem contar como o faziam.

Brincadeiras à parte, a questão toda se resumia, além de inclinações pessoais, à própria sobrevivência dos espiões. Era imprescindível manter o disfarce e a aparência de típica família de classe média, para que não se tornassem suspeitos. Motivação pessoal é um grande impulsionador, para qualquer pessoa.

Ana Maria Leal Salvador Vilanova - Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica - [email protected]

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