Calçadão da Artur Machado hoje: dezenas de pessoas batendo perna. Um sujeito vendendo goiaba. Pessoas vêm, pegam, olham, devolvem pra banca. Rodinhas de idosos rindo, outros sentados olhando o movimento. Senhoras nas lojinhas. Ônibus cheio. Um senhor, de máscara, cumprimentando outras pessoas com a mão.
De outro lado, centenas de mães fazendo sacrifícios pessoais para conciliar o trabalho e o cuidado com as crianças que não podem ficar nas escolas. Centenas de empresários que tentam sair da crise com muito sacrifício e já irão cair numa pior ainda. Centenas de alunos sem aulas. Milhares de pacientes sem suas consultas, sofrendo por outros problemas de saúde. Profissionais expostos e apreensivos, tentando saber como farão isolamento dentro de suas casas para não expor a família.
Desculpem-me o senhor prefeito e secretários, mas é muita irresponsabilidade. Idosos devem ser retirados de circulação o máximo possível rapidamente. Guarda municipal batendo papo no Parque das Acácias. Não podem ser acionados? Por que não cortar o passe de ônibus gratuito dos idosos? Assim irão sair de casa apenas quando doer no bolso. Os senhores precisam agir rápido para conter esse fluxo, antes que a cidade colapse. Idosos são os primeiros a precisar de internação e cuidados intensivos. E os senhores sabem muito bem que a cidade não possui a quantidade suficiente de leitos, de isolamento, de CTI, caso a situação aqui tome a proporção vista nos outros países.
Apelar para a consciência das pessoas não é medida suficiente, ainda mais em países como o nosso, sem um histórico de preocupação com os outros. A cada dia que passa estamos perdendo tempo, sem medidas de real impacto. É preciso agir.
