Água é vida! O bem fundamental à sobrevivência. Água cristalina é o significado de Uberaba, palavra de origem tupi, que registra a presença importante dos povos originários caiapó e bororo na formação de nossa sociedade. Portugueses e seus descendentes, negros escravizados, posteriormente italianos e espanhóis, e depois japoneses, sírios e libaneses, além de outras nacionalidades, fincaram os pilares da cultura do município.
Algumas pessoas anônimas e/ou esquecidas contribuíram para o enraizamento de valores humanos e progressistas entre nós que tornaram a cidade mais solidária, acolhedora e alegre nesses seus 200 anos. E por meio delas, rendo minha homenagem aos seus 330 mil moradores e àqueles que deixaram Uberaba, embora ela continue em seus corações onde quer que estejam.
O português Antônio Borges Sampaio dedicou sua vida a Uberaba, que registrou em livros os primeiros 90 anos do lugar. Foi farmacêutico, juiz, vereador e agente executivo, equivalente a prefeito, que organizou as nomenclaturas das vias públicas. Durante 60 anos foi correspondente do Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro. Informava ao mundo o que ocorria na Princesa do Sertão da Farinha Podre, no século 19. Nome de uma rua de dois quarteirões, no bairro Estados Unidos! Essa a única homenagem que lhe coube...
O anarquista Alexandre Barbosa, concursado, veio à cidade para ingressar como professor na primeira Escola Normal Oficial do Estado. Também agrimensor, adquiriu respeito dos fazendeiros. Eleito deputado constituinte, possibilitou a criação, em 1897, do primeiro curso superior do Brasil Central em Uberaba, de Agronomia, no Instituto Zoothecnico.
A comunista e feminista Lucilia Rosa, uma das primeiras vereadoras de Minas, em Campo Florido, contribuiu para a emancipação de gerações de mulheres. Também devem ser reverenciados, entre outros, nos 200 anos de Uberaba: o pesquisado escritor Orlando “Doca” Ferreira, que não foi homenageado como patrono de cadeira da Academia de Letras do Triângulo; Afrânio Azevedo e Mário Palmério, por proporcionar educação aos de baixa renda, e Gildo Macedo Lacerda e Walkíria Afonso Costa, assassinados e desaparecidos pela ditadura militar.
E já que Uberaba é água, e água é vida, viva os seus 200 anos!
Danilo Campos
Advogado
Presidente do Sindicato dos Bancários de Uberaba (1998-2002)
Secretário Municipal de Agricultura (2013-2015)
