ARTICULISTAS

A grande voz da poesia

Já falei, antes, da poesia de Júlio de Queiroz, que eu reputo o mais importante escritor contemporâneo

Luiz Carlos Amorim
Publicado em 15/06/2019 às 12:48Atualizado em 17/12/2022 às 21:41
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Já falei, antes, da poesia de Júlio de Queiroz, que eu reputo o mais importante escritor contemporâneo de Santa Catarina e, quiçá, do Brasil. Exagero? É só ler a obra que ele deixou, para entender. Quando ouvi um CD com o qual ele me presenteou, há uns dois anos, com declamações dos seus poemas por ele mesmo, fiquei impressionado. A poesia dele, tão densa, tão bela, tão cheia de conteúdo, já havia me encantado, mas não sabia que ela ficaria ainda mais bonita, mais forte, mais lírica, declamada pelo próprio poeta. Foi um presente ímpar, espetacular. Gosto de todos os poemas, mas Minha Cidade, Paisagem com aceno, Um amor tão de leve merecem destaque. São belíssimos, são obras-primas.

Então, enviei, na época, mensagem a ele dizendo isso, e ele respondeu: “Meu Deus, amigo, não faça isso comigo”. Ora, meu grande amigo poeta, eu tinha que fazer, porque é a mais pura verdade. Como disse na resposta ao Júlio, a gente lê poesia boa, excelente, mas também se lê muita coisa fraquinha, hoje em dia, quando prolifera muita coisa que nem poesia é. De maneira que, quando descobrimos alguém que faz poesia de verdade, plena de essência, há que se dizer a todos que temos um poeta com P maiúsculo.

O CD é muito bom, o poeta está de parabéns por dar ainda mais vida aos seus já perfeitos poemas. Talento de poeta é isso. Talento inteiro, completo, verdadeiro. Esse CD é um bônus que Júlio de Queiroz nos deixa, além de toda a sua obra em gêneros como conto, poesia, ensaios, nos quais ele é mestre. Faz parte do grande legado que ele nos deixa, pois ele levou todo o seu talento, intelectualidade, sabedoria e carisma para o andar de cima, para tristeza de nós, seus amigos e seus leitores e para alegria da plêiade de poetas que já está por lá, como Drummond, Coralina, Quintana, Pessoa e tantos outros.

Que bom poder ter a voz do poeta na sua poesia viva, poder continuar a ouvi-lo para tê-lo ainda mais perto de nós, agora que ela foi fazer poesia na eternidade, imortal que é e continuará sendo em nossos corações.

(*) Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA em SC, com 39 anos de atividades e editor das Edições A ILHA; ocupante da cadeira 19 da Academia Sul Brasileira de Letras

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