Há uma certa incapacidade de as pessoas, de uma forma geral, não entenderem a atuação de agricultores no formato concebido para o empresariado que exerce suas funções nas cidades. Afinal, a população citadina não se desloca para o campo com frequência e, quando o faz, na maioria dos casos, está mobilizada por ocasiões festivas e os momentos são de apreciação das belas paisagens que ali se apresentam.
Então vejamos: O agricultor profissional é empresário tal qual os que atuam no meio urbano. Ele independe de ter a propriedade da terra que ocupa para conduzir com eficiência a execução de seus empreendimentos. O seu trabalho pode ser realizado em áreas de terceiros – através de arrendamentos ou parcerias – mantendo sempre o mesmo desempenho produtivo, assim como o fazem comerciantes e industriais que alugam imóveis nas cidades. Cultivando lavouras mecanizadas e tecnificadas com objetivos comerciais, este empreendedor rural direciona seus investimentos para máquinas, equipamentos e insumos, sempre com o intuito de ampliar a produtividade, da mesma forma com que atuam profissionais urbanos.
O lavourista profissional, em sua maioria, por formação familiar, reúne ótimos conhecimentos sobre a atividade que desenvolve. No entanto, os que não descendem de agricultores, conseguem o aprendizado através de especialização acadêmica e convivência prática com o meio lavoureiro. Em ambos os casos, estão frequentemente aprimorando seu trabalho no contato com a pesquisa privada e/ou pública, do mesmo modo que empreendedores urbanos se capacitam para aprimorarem seus desempenhos.
O tamanho da área cultivada não é um fator que interfere no maior ou menor grau de profissionalização deste agricultor. Este empreendedor trata da sua atividade como um negócio que exige constantes investimentos em conhecimento e tecnologia, examina detalhadamente a relação custo/benefício e planeja a atividade, a médio e a longo prazos, buscando sempre a produtividade com sustentabilidade. Mantém-se atualizado quanto ao mercado dos produtos que utiliza e comercializa, buscando sempre bons resultados financeiros, do mesmo modo que empresários urbanos.
Para profissionais agricultores, a terra – própria ou de terceiros – é fundamentalmente um instrumento de produção e não de aplicação de capital ou especulação. O agricultor profissional, ao contratar arrendamento de terras, só o faz com prazos de duração e condições de pagamento compatíveis com o empreendimento que executa, de tal forma que obtenha retorno financeiro que proporcione capacidade de reinvestimento na atividade e na manutenção familiar.
A agricultura empresarial, pelo impacto econômico do resultado financeiro das safras que se obtêm de grande monta, interfere positivamente na movimentação da riqueza, desenvolvendo o comércio, a indústria e os serviços.
Portanto, buscar atrair agricultores profissionais para instalá-los em localidades que disponham de áreas aptas à produção de grãos, ocupando glebas de terras de pastagens que precisam ser recuperadas, utilizando para fazê-lo o instrumento do arrendamento é procedimento tão importante e rentável quanto a busca de empresários para atuarem nas cidades.
A ocupação produtiva de grande parte das terras do Brasil Central está sendo realizada por agricultores profissionais originários principalmente dos estados do Sul do país e do interior paulista. O estabelecimento destes profissionais na região está introduzindo modificações profundas e benéficas na relação do uso da terra. E está promovendo uma verdadeira revolução agrícola que impulsiona o desenvolvimento das cidades.
José Humberto Guimarães
Consultor para parcerias e arrendamentos rurais
Ex-secretário de Agricultura de Uberaba
