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Agricultura Urbana

A produção de alimentos dentro de espaços não edificados das cidades está intimamente ligada a nós

José Humberto Guimarães
Publicado em 30/07/2019 às 22:06Atualizado em 17/12/2022 às 22:56
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A produção de alimentos dentro de espaços não edificados das cidades está intimamente ligada a nós, seres humanos, desde os primórdios da civilização. Por necessidades vitais, produzia-se nas áreas urbanas para subsistência familiar. E assim vinha sendo, através dos tempos, na maioria dos casos, em milhares de locais mundo afora. No entanto, o crescimento populacional, a expansão predial, a ambientação urbana e o custo para produzir comida foram induzindo agricultores a múltiplas utilizações de recintos até então impensáveis para a implantação agrícola.

Gradativamente, os plantios deixaram de ser exclusivamente para o abastecimento familiar e se expandiram para a comercialização de excedentes. Além da natural ocupação horizontal, instalaram-se cultivos sobre terraços, varandas e jardins, vasos e jardineiras de forma vertical, e lavouras até em topos de prédios, introduzindo inclusive a utilização de plataformas tubulares para cultivos hidropônicos. Nestas e em muitas outras modalidades, a agricultura urbana está, na atualidade, ocupando espaços em cidades de todos os portes e pode ser encontrada também em metrópoles como São Paulo, Montreal, Zurique, Nova York e Berlim, entre outras, ora exploradas por indivíduos, ora por grupo de moradores organizados em associações.

São vários os motivos que levam pessoas a se dedicarem ao cultivo de plantas dentro das cidades e o principal, sem dúvida, é o de ter à mão ou à mesa alimentos de qualidade a baixo custo. Mas outras razões, também importantes, norteiam cidadãos em seus propósitos empreendedores: a ocupação para um trabalho remunerador, a solidariedade para com grupos de ações sociais, a terapia ocupacional, a ambientação paisagística e, na atualidade, a própria limpeza urbana. Todos esses propósitos beneficiam a sociedade em múltiplos aspectos: na maior produção de alimentos, na geração de emprego e renda, na disponibilização de produtos desonerados por transportes de longas distâncias e, sobretudo, pela higienização de locais privados e públicos que acumulam lixo, entulhos e animais peçonhentos.

Esta atividade ainda aparentemente inexpressiva, já se faz presente em milhares de cidades e as culturas se diversificam à medida que se expandem, abrangendo além das tradicionais hortas domésticas, plantações que abastecem associações de moradores e ganham contornos nitidamente comerciais, suprindo feiras livres, mercados e restaurantes. Segundo o Worldwatch Institute, sediado em Washington, especializado em pesquisas ambientais, na atualidade as hortas urbanas são responsáveis por entre 15% a 20% de todo alimento produzido no mundo e ocupam cerca de 800 milhões de agricultores. E perspectivas para este negócio prazeroso são promissoras a curto prazo,  visto que a ONU está prevendo que até o ano de 2030 dois terços da população mundial estarão habitando as cidades.

Neste cenário, em Uberaba são excelentes as condições para se ampliarem consideravelmente hortas e pomares dentro do perímetro urbano, onde o espaço subutilizado é imenso. Uma parcela desse território desperdiçado pode ser disponibilizada para a instalação de pequenas lavouras, através de arrendamentos, parcerias, comodatos ou aluguéis. Além dos muitos componentes favorecedores para que as atividades agrícolas se ampliem neste processo, a lei municipal que isenta de IPTU (imposto territorial urbano) as áreas em pleno uso com a produção de alimentos, constitui-se num atrativo para adesão de proprietários de terrenos. Está aí um bom motivo para que a agricultura urbana cresça e ganhe a importância que merece num município que é referência para o país na produção agrícola. 

(*) Consultor para Arrendamentos e Parcerias Rurais, ex-secretário municipal de Agricultura de Uberaba

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