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Agronegócio para urbanos

É compreensível que cidadãos urbanos encontrem dificuldades para entender como a atividade agropecuária interfere na sua vida

José Humberto Guimarães
Publicado em 23/07/2019 às 18:28Atualizado em 17/12/2022 às 22:46
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É compreensível que cidadãos urbanos encontrem dificuldades para entender como a atividade agropecuária interfere na sua vida além do que lhes é proporcionado cotidianamente, como é o caso da alimentação, do vestuário, do calçado e do combustível do automóvel. Afinal, pessoas do meio urbano não se incorporam ao cenário no qual desfilam tratores e colheitadeiras e onde se multiplicam iniciativas diárias de preparo da terra, semeio, cultivos e colheitas.

Por ser ainda pouco conhecido na extensão da sua importância prática como meio de prosperidade para todos, os empreendimentos rurais carecem do interesse social que deveriam revesti-los. Portanto, sempre será uma boa pedida tratar a seu respeito com a população urbana.

Por impossível que pareça, 11 por cento da população mundial, de 7,7 bilhões de pessoas, ainda passa fome ou não se alimenta com as mínimas quantidades para suprir suas necessidades básicas de sustentação física. Esta dramática situação por si só já seria motivo suficiente para que um país como o Brasil, de dimensão continental e terras aptas, concentrasse esforços no cuidar prioritário da sua eficiente ocupação. Por quais motivos?

Até o ano de 2050 a população mundial será de dez bilhões de pessoas, que necessariamente terão que se alimentar. Por outro lado, registros recentes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA, para balizar ações estratégicas na economia rural daquele país, inferem que o único país potencialmente capaz de aumentar substancialmente a produção de alimentos nestes próximos dez anos é o Brasil.

É certo que as atividades rurais dedicadas à produção de alimentos no Brasil vêm se modernizando aceleradamente. Mas é na ocupação de áreas agricultáveis ainda subutilizadas e na diversificação de culturas que o avanço acelerado pode ocorrer.

Na atualidade, a produção brasileira no campo é de 230 milhões de toneladas de grãos, 620 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 62 milhões de sacas de café, 273 milhões de caixas de laranja, 28 milhões de toneladas de carnes, 37 bilhões de litros de leite, 30 bilhões de litros de biocombustíveis, 45 bilhões de ovos, 13 milhões de toneladas de hortifrútis. Não é pouca coisa, mas pode vir a ser muito mais.

E quais procedimentos podem ser adotados para implementar significativo aumento da produção? Primordialmente, é a maximização do uso econômico da terra. Com um extraordinário espaço ainda a ser ocupado, cerca de 100 milhões de hectares, é necessário, além de tecnologias que elevem a produtividade e a profissionalização de empreendedores, que a utilização das terras se faça através de instrumentos modernos na sua exploração econômica, como é o caso dos arrendamentos rurais.

E o que é que esta ampliação agrícola pode oferecer de benefício para a maciça população do país? Pode oportunizar, além da fartura de alimentos, a materialização do mais ambicionado dos desejos buscados pela grande maioria da população brasileira: empregos.

O agronegócio brasileiro gera na atualidade 19 milhões de postos de trabalho, de acordo com o Cepea/Centro de Estudos de Economia Agrícola da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, de Piracicaba. Para a projeção de crescimento de 30 por cento sobre a produção rural atual nos próximos 10 anos, conforme estudos do Ministério da Agricultura, estima-se que serão criados cerca de 5,7 milhões de novos empregos. Está aí a forma exequível de potencializar a socioeconomia brasileira, fazendo com que o agronegócio continue impulsionando o comércio, a indústria e os serviços, produzindo mais benefícios para os urbanos. 

(*) Consultor para parcerias e arrendamentos rurais; ex-secretário de Agricultura de Uberaba

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