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E se a morte não for o fim?

José Elias de Rezende Júnior
Publicado em 17/04/2021 às 10:49Atualizado em 18/12/2022 às 13:05
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A persistente pandemia do coronavírus, a qual, segundo as estatísticas do Governo Federal, ceifou a vida de mais de 365 mil brasileiros, conforme dados atualizados até 16/04/2021 (https://covid.saude.gov.br/), faz emergir a inevitável reflexão sobre o fenômeno da morte, não obstante o temor que o tema provoca em muitos.

Neste contexto, pede-se a devida vênia ao leitor, sem qualquer pretensão de se deter o monopólio da verdade, para se fazer a abordagem da questão sob a ótica de um dos sistemas filosóficos que mais se ocupou do assunto na idade moderna, qual seja, a Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec na França do século XIX, com o seu tríplice aspecto científico, filosófico e religioso.

Do ponto de vista da Ciência e utilizando-se do método positivo, o qual parte da análise dos fatos para se chegar à elaboração de princípios, constatou, por meio de judiciosa observação das mais diversas comunicações de além-túmulo obtidas de diferentes fontes, a sobrevivência do princípio inteligente – espírito – à morte do corpo físico, mantendo a sua individualidade.

Sob o prisma filosófico, descortina-se ao homem o seu destino, coloca-se sob nova perspectiva os acontecimentos desta vida e demonstra-se que a atual existência do indivíduo, que não é a primeira e nem a última, possui a finalidade de cumprimento de determinada missão, expiação dos erros do passado e conquista de novas virtudes. Sendo assim, a morte não representa o fim, mas apenas uma etapa da vida do espírito, o que diminui, senão elimina, qualquer sentimento de temor a esse respeito.

E, a partir dessas assertivas, chega-se ao aspecto religioso da questão, ou seja, das consequências morais da crença na vida após a morte, a qual dá ao homem firme nesta convicção e certo de que o seu verdadeiro destino o aguarda após o decesso, uma maior aptidão à caridade, à humildade, ao desprendimento dos bens terrenos e, especialmente, nestes tempos atuais, uma maior compreensão e consolação acerca do inexorável fenômeno da morte.

Obviamente que todas essas considerações não são um convite à tibieza, frieza, desobediência ou irresponsabilidade diante da grave situação sanitária vivenciada, mas instrumentos que se apresentam ao homem de boa vontade para que encontre o verdadeiro sentido de sua existência, cultivando a paz nas adversidades, a humildade diante daquilo que escapa à sua vontade e partilhando estes valiosos recursos ao longo do caminho com os desprovidos de toda a sorte.

Por fim, destaca-se que este mesmo ponto da doutrina espírita soluciona um problema atual e tido como insanável, que se refere à malversação dos cargos e recursos públicos, a qual se torna ainda mais repulsiva diante do número crescente de óbitos e de pessoas abaixo da linha de pobreza em razão da crise de saúde pública. Para estes infratores, que muitas vezes passam incólumes pela justiça dos homens, o nada após o túmulo bem que poderia ser um prêmio para a sua irresponsabilidade e egoísmo, porém, de acordo com os estudos empíricos de Kardec, o seu despertar na verdadeira vida representará um doloroso acerto de contas com aquele que detém o Soberano e Supremo Poder.

José Elias de Rezende Júnior

Advogado e professor universitário

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