ARTICULISTAS

Espiritualidade e religiosidade na visão da ciência

Fernando Vieira Filho
Publicado em 03/06/2020 às 07:30Atualizado em 18/12/2022 às 06:47
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Muitas pessoas se sentem confusas e me perguntam sobre a diferença entre espiritualidade e religiosidade. O Dr. Harold Koenig, psiquiatra da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, tem uma ideia muito lúcida sobre este assunto, com a qual eu concordo. Em sua visão, a espiritualidade é “a aproximação do sagrado ou transcendental por meio da busca pessoal de compreensão das questões da vida sem necessariamente possuir um vínculo religioso”. Ao passo que a religiosidade traduz “uma ligação com o sagrado ou transcendental por meio de um sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos”.   Veja o que diz o cardiologista Dr. Ney Carter do Carmo Borges, da Unicamp: “Os indivíduos que buscam o transcendente também estão mais protegidos diante do estresse e da depressão, importantes fatores de risco cardíaco”.   Tendo em base mais de 3.200 estudos, o cardiologista Dr. Fernando Lucchese, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, e o psiquiatra norte-americano Dr. Harold Koenig concluíram que “a espiritualidade atua na interação entre os sistemas nervoso, endócrino e imunológico”. Estas conclusões dos doutores Lucchese e Koenig facilitam-nos o entendimento de como uma boa espiritualidade pode contribuir para melhorar a resposta terapêutica a quadros de depressão, infecciosos, inflamatórios e relacionados à longevidade.   Em minha prática clínica psicoterapêutica, observo que a maioria absoluta dos pacientes que sofrem de depressão e outros transtornos afetivos, comportamentais e emocionais apresentam, de forma precoce, remissão dos sintomas físicos e emocionais, além de baixos níveis de recaídas, quando exercitam a espiritualidade cotidianamente, seja através de uma religião ou não, mas sempre praticando o bem, através de trabalhos voluntários em instituições de caridade, hospitais etc. Ou seja, qualquer atividade que tenha objetivo de nos conectar com o Pai Maior, Deus ou Universo, tanto faz o nome que se dá a essa Fonte Criadora, fortalece nosso sistema imunológico, promovendo uma boa saúde física e mental. Eu acredito que a senha para esta conexão com Algo Maior seja, em suma, a bondade.   É sempre bom lembrar que ter “a tiracolo” um livro religioso ou ser pregador e adepto de qualquer religião que seja não são garantias de um exercício da espiritualidade se o comportamento cotidiano dessa pessoa for negativo, maledicente e fomentador de intrigas e dissensões.   Para toda causa temos um efeito, um resultado, uma consequência, portanto, trabalhemos confiantes em boas causas, pois os resultados serão sempre positivos para nossas vidas.   Fernando Vieira Filho Psicoterapeuta clínico, palestrante e escritor

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