ARTICULISTAS

Um desabafo...

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 28/04/2020 às 06:29Atualizado em 18/12/2022 às 05:54
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Em uma rede social, alguém tocou no assunto educação, dando início a uma troca de ideias, resultando em um desabafo que nos faz refletir.

Alguém perguntou: como anda a vida dos educadores, suas angústias, as condições de trabalho, os alunos sem estrutura, para não dizer sem educação, a falta de interesse político com (e na) classe, enfim, as reclamações de sempre?

Um dos participantes do grupo questionou: como hipótese, e a consciência da classe dos educadores, como está?

- Sim, respondeu o professor Júnior: somente uma hipótese.

- Por quê?

- Porque não existe, respondeu outro professor. Sei que me dirão que em todas as classes existem os mais e os menos conscientes, e pior, os com e os sem ética.

- Terei que concordar, afirmou o mestre Edgar (nome fictício), porém inexiste a consciência classista. Assustados??? Então, me respondam: quantas vezes você esperou (até torceu) pela dispensa de um “colega” de tal escola para ser o primeiro a entregar o curriculum, oferecendo-se à vaga?

- Tem mais, já vivi e convivi com aquela turma que finge ser amiga, até surgir uma greve. Nessa hora a coisa muda.

- Continua o professor Edgar: se você fortalece o movimento entrando em greve, já te olham de “rabo-de-olho”. Pior, quando você tem que repor os dias de greve e continua na escola no sexto horário, estes mesmos “amigos” passam por você e dizem: “Bem feito, quem mandou fazer greve!”.

Foi feito um momento de silêncio no grupo de mídia social ...outras mensagens foram sendo postadas, esfriando o assunto em pauta.

Mas, logo em seguida, o mestre Júnior se manifestou como em uma explosão de indignaçã - ACORDEM!!! Somos quantos professores em Uberaba? Somos milhares, provavelmente a maior classe profissional da cidade.

Pergunto aos meus colegas: por que não temos um único representante na Câmara Municipal no atual mandato? Podemos fazer um edil, dois ou até três. Como? Deixando de lado a vaidade, o orgulho e pensando na classe. Isso se chama união e solidariedade.

- Temos que lutar para termos alguém para nos representar, brigar realmente pelos nossos interesses. Qual interesse? Salário melhor, ar-condicionado nas salas, material suficiente para uma brilhante aula?

- Sem termos um representante que realmente vista a camisa da classe educacional, nunca teremos as condições necessárias para sairmos de casa sorrindo e voltarmos mais felizes ainda, por termos dado a oportunidade de nossos alunos se tornarem seres humanos melhores.

Reforçando seu raciocínio, o mestre desabafou para os demais colegas professores: pensem bem – quantos de vocês têm essa consciência de classe?

Silêncio sepulcral no grupo... quando voltaram, o assunto era Covid-19.

Marco Antônio de Figueiredo

Articulista e advogado

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