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Aqueles bancos, naquela praça...

Uma praça... vários bancos modernos, às vezes quebrados, horríveis, desproporcionais

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 20/11/2019 às 19:18Atualizado em 18/12/2022 às 02:08
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Uma praça... vários bancos modernos, às vezes quebrados, horríveis, desproporcionais, inconcebíveis... esse é o cenário. 

Ai que saudades que tenho da minha infância, da minha mocidade, quando a Praça da Matriz era a mais linda... tinha coreto, fonte luminosa, frondosas árvores, o Cine São Luiz, pessoas sentadas nos bancos, gente elegante conversando, crianças brincando... mas hoje...

Minha cidade tinha muitos espaços verdes... praças arborizadas dotadas de sombras e bancos para as pessoas se encontrarem, conversarem e se divertirem.

A Praça da Matriz, de todas, era, sem dúvida alguma, a mais bela e a que me traz maiores lembranças.

Acredito que se nossa Uberaba fosse administrada por verdadeiros uberabenses, aqueles da “gema do ovo”, certamente não matariam a beleza que existia nas praças Gameleira e, principalmente, a Rui Barbosa.

Sabe... chega a dar arrepios quando me lembro dos velhos casarões de famílias tradicionais, dos bancos ao redor do coreto. É como se aquela imagem fosse parte da certidão de nascimento da nossa Uberaba.

Nunca imaginei que, um dia, a praça pudesse receber sentença de morte, servindo de laboratório experimental, onde destroem a história de uma cidade com projetos impensados, de péssimo gosto e com o uso de materiais de qualidade duvidosa, queimando enormes quantias de dinheiro arrecadado de impostos.

Não faz muito tempo, colocaram aqueles tapumes ao redor da praça, sob a alegação de que a praça seria revitalizada.  

No dicionário, revitalizar quer dizer dar nova vida, revigorar, vitalizar. Nada a ver com devastar, derrubar, arruinar, destruir, desperdiçar.

Sou admirador de novas tecnologias, no entanto, um poema antigo de Cecília Meireles e a canção “A Praça”, de Carlos Imperial e Ronnie Von, traz recordações de momentos felizes passados naquela praça florida e cheia de pássaros, sombra, verde, a alegria de sentar em seus bancos e poder admirar toda essa magia, mesmo morando em um grande centro, como é hoje nossa cidade.

Deixo aqui os sentimentos de pesar pela devastação que aconteceu na praça mais importante desta cidade, questionand cadê aquela praça que existiu ali? Ninguém quer saber de bancos modernos e sem conforto e segurança; ninguém quer saber de invenções de algum “professor pardal”, como bancos que machucam, quebram e tornam horrorosa a principal praça de Uberaba.

Queremos a mesma praça dos áureos tempos, os mesmos bancos, as mesmas flores, o mesmo jardim, tudo igual, pois estamos tristes, porque não temos mais a beleza e a inspiração daquela praça Rui Barbosa, para poder conversar com amigos, reviver, quem sabe, segredos, aventuras e sonhos. 

(*) Articulista e advogado

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