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Chico 77 – Um choro de amor

Luiz Cláudio dos Reis Campos
Publicado em 21/06/2021 às 20:24Atualizado em 18/12/2022 às 14:48
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“Sim... Eu poderia procurar por dentro a casa, cruzar uma por uma as sete portas, as sete moradas”. Cruzou os 77 com mais de sete vidas, por mais de sete portas, por mais de sete moradas. E o que importa é que, ávido de vida, ainda vai macio, sem se deixar se quebrar, se apresentar em sua sinuosa linearidade, onde tudo é parte de amor e arte, uma oferenda em forma de gente a nos presentear com talento e sentimento de um devoto submisso ao ofício que lhe é tão simples executar, pelo talento e magia que nos faz encantar. Vendo Chico chorar por Zuzu é de cortar, é de amargar, mas também é de esperançar. Vendo Chico chorar, chorei também. Não me lembro de outra vez ver Chico chorar, a não ser um choro bandido, “mesmo miseráveis os poetas os seus versos serão bons”. O choro do Chico são lágrimas melancólicas e angelicais que se derramam por uma mulher. Quem é essa mulher? Chico chora. Chore com ele, Brasil. Porque ele chora por você. Ao chorar por Angélica, ele chora, chora e chora por nós. Mas a dor de seu choro, mais do que um lamento, é um alento, um alerta, um pranto de luta amarga, um manto, uma bandeira. “Ai quem me dera pelo menos um momento juntar todo o sofrimento pra botar nesse chorinho. Ai quem me dera ter um choro de alto porte, pra cantar com a voz bem forte e anunciar a luz do dia”. Cada palavra, cada verso, cada rima, cada sílaba, cada tudo, cada nada, nada em vão. Cada qual no seu devido lugar. O irretocável da impecável obra. Não é hora mais de chorar, pelo menos agora que é hora de comemorar. Por mais que digam, comemorar o quê? Eu digo, comemorar Chico 77. E convidar Rita, Madalena, Carolina, Tereza, Ana, Januária, Bárbara, Maria, Rosa, Beatriz, Lola, Renata Maria, Bia e tantas que juntas com Angélica cantarã “Não chore ainda não que eu tenho um violão e nós vamos cantar, felicidade aqui pode passar e ouvir e se ela for de samba há de querer ficar”. “Se você sentir minha falta, eu não vou morrer”. Eternamente Hollanda. Viva o velho Chico, genuinamente nacional, desde 19/06/1944.

Luiz Cláudio dos Reis Campos

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