ARTICULISTAS

Beijo de Judas

Talvez o mais indesejado e de grande consequência para o martírio de Jesus

Luiz Cláudio dos Reis Campos
Publicado em 09/09/2019 às 19:16Atualizado em 18/12/2022 às 00:07
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Talvez o mais indesejado e de grande consequência para o martírio de Jesus, o beijo de Judas é parte contundente do calvário de Cristo. O beijo era a senha para identificar o Profeta aos soldados romanos. Entregá-lo  pelo beijo corrompido e selar seu destino com dor e sofrimento. O beijo que representa a maior traição é descrito nos evangelhos impressos, uns mais atuais, com ilustrações de Judas beijando a face de Jesus. Confesso que desde cedo, muito novo, sabia que o beijo era um ato de afeto, ternura, admiração, carinho e amor, mas que também se prestava à traição. Por que Judas escolheu o beijo como forma de infidelidade e de delação? Haveria outra maneira?  Por que macular um ato tão belo a ponto de dar ao beijo a capacidade de destruir também. Judas apedrejou a face de Cristo com um beijo e desdenhou do séquito de cristãos. O beijo que condena à morte deveria até ser banido dos alfarrábios históricos, entretanto é válida a referência para exatamente servir como exemplo a não ser aprovado e repetido. O beijo que incomodou a uma legião de pessoas está impresso em milhares de publicações, em todos os idiomas. Já o beijo que eterniza afeto, afirmação e admiração deve ser louvado em suas diversas e diferentes manifestações, deve sim ser incentivado, reverenciado e comemorado e não repudiado e censurado. Não há mais espaço para se permitir retrocessos que nos levem para antes de 68 do século XX. Queiram ou não, são irreversíveis as conquistas e avanços que redundaram posteriormente aos acontecimentos no mundo àquela época. A importância dessas conquistas aumenta  a partir do distanciamento dos fatos. Hoje, mais do que nunca, é preciso preservá-las e ampliá-las para não incorrermos em equívocos que permitam sequer imaginar a volta a um tempo de obscurantismo, de intolerância e ignorância. As amarras deram lugar aos amores e os amares de Paulas e Bebetos. “Eles se amam de qualquer maneira, eles se amam é pra vida inteira. Qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor valerá”. Eles se beijam é pra vida inteira, eles se beijam de qualquer maneira, qualquer maneira de beijar vale a pena. Estará dito sempre nos livros que escrevem beijos e descrevem beijos. O livro livra e  merece ser livre. Os livros, melhor beijá-los.

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