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Primor e talento

Não o conheço pessoalmente. Não o vi crescer. Tampouco acompanho sua modalidade

Luiz Cláudio dos Reis Campos
Publicado em 07/08/2019 às 19:37Atualizado em 17/12/2022 às 23:14
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Não o conheço pessoalmente. Não o vi crescer. Tampouco acompanho sua modalidade. Confesso, até então, não tinha interesse em assistir a qualquer partida. Raras vezes consegui ver até o fim. Quando jovem, lembro-me de um sueco danado de bom e, naturalmente, um pouco mais recente, de um brasileiro que gravou seu nome na galeria dos grandes. Não recordo do seu saque, mas não me esqueço do seu gemido. Sou de uma geração muito atenta ao futebol quando era praticamente unanimidade ver o esporte da bola no pé como o mais importante em detrimento das demais competições. Os tempos são outros, avançamos bem. Talvez não na proporção devida em se tratando de motivação, entusiasmo e principalmente investimento na prática esportiva diversificada e fundamental para nossa afirmação de nação que eleva o esporte como atividade imprescindível na formação do ser humano. Ao mesmo tempo em que ocorrem os Jogos Pan-Americanos, com uma bela participação dos brasileiros, a Globo mostra o descaso e o desleixo de áreas olímpicas que foram edificadas para a realização das Olimpíadas do Rio de Janeiro, logo ali atrás, em 2016. Esse é um paradoxo que precisa ser combatido e eliminado para o bem de nossa imagem e pela grandeza de nossos atletas. Há motivos para acreditar? Como no início, afirmei não o conhecer pessoalmente; ao vê-lo e ouvi-lo em entrevista após sua triunfante e maravilhosa conquista do ouro pan-americano, pude me aproximar de sua serenidade, humildade e reverência às suas origens, que são características primorosas de um grande atleta da quadra e da vida. João disse que tudo se iniciou por estar ao lado da família, vendo pai e avô jogarem tênis no clube. Ele, ainda em tenra idade, tinha uma raquete como companheira e, como tudo que faz é com muita dedicação, foco e compromisso, como nos estudos, foi se aventurando de saque em saque. João tem um sereno jeito que lhe confere carisma ao inequívoco talento. Ah, João também disse que é do interior, carregando sutilmente o sotaque para dar ênfase que é de Uberaba. Pois é, o famoso João Menezes é meu conterrâneo e genuinamente brasileiro. Permitam-me dizer que surge um outro João campeão. Agora é o João do tênis. Parabéns às famílias do João, materna e paterna, ambas dispensam comentários. Toca pra Tóquio, João.

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