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Por que no te callas?

Por que no te callas? Foi uma frase dita pelo rei Juan Carlos de Espanha ao presidente Venezuelano Hugo Chávez

Luiz Cláudio dos Reis Campos
Publicado em 29/07/2019 às 21:43Atualizado em 17/12/2022 às 22:58
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Por que no te callas? Foi uma frase dita pelo rei Juan Carlos de Espanha ao presidente venezuelano Hugo Chávez durante a XVII Conferência Ibero-Americana, realizada na cidade de Santiago do Chile, no fim de 2007.

O motivo que provocou a manifestação do rei na ocasião não é o foco em questão, mas sim a força da expressão ao se dirigir a Chávez. Por que no te callas? Busquei a frase porque ela é mais que atual e se contextualiza perfeitamente em dias que vivemos, presenciamos e ouvimos uma verborragia de impropérios que extrapola, transcende limites da dignidade, respeito e compostura, para dizer o mínimo. A democracia não pode estar a serviço de sua própria destruição. Não se pode falar incontinências nem por continências, sem se incomodar com as consequências. A palavra tem poder, forma e conteúdo e, em determinados ambientes, ela não é e nem pode ser em vão. Ela é litúrgica e, portanto, precisa ser dita obedecendo critérios e parâmetros razoáveis ao ser proferida por um mandatário eleito por parcela da população, mas governante de toda população. Creio que no dia 29 de julho de 2019 houve um ataque frontal ao princípio da convivialidade, cordialidade e respeito ao cidadão que dirige a OAB nacional. Um jovem que nasceu e que provavelmente se recorda do pai apenas por fotos, visto que em sua tenra idade, provavelmente, não tenha contido em sua memória a sua imagem. Hoje foi um marco "descivilizatório" em pleno século XXI. Uma data que merece ser lembrada e registrada como o dia dos desaparecidos, como resistência à inaceitável manifestação do presidente da República. Já se tem conhecimento da nota de repúdio da OAB, que venham tantas outras, como CNBB, ABI, parlamentares. É necessário um basta ao voluntarismo que destoa da conduta de um chefe de nação. Digo isto, crendo que abranjo a sensatez de todos que prezam pelo devido respeito ao próximo, independentemente de sua opção eleitoral. O momento merece a reprovação, inclusive dos que o apoiam e o auxiliam pelo bem maior do país. Não se trata de situação ou oposição, trata-se de posição coerente e leal à democracia. Finalizo repassando o posicionamento do governador de São Paulo, João Doria: "Não posso silenciar diante desse fato. Eu sou filho de um deputado federal cassado pelo golpe de 1964 e vivi o exílio com meu pai, que perdeu quase tudo na vida em 10 anos de exílio pela ditadura militar. É inaceitável que um presidente da República se manifeste da forma que se manifestou".

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