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Flip de Parati: as injustas omissões

A Flip de Parati/RJ programou homenagem no ano de 2020 à escritora estadunidense Elizabeth Bishop

Guido Bilharinho
Publicado em 06/01/2020 às 21:15Atualizado em 18/12/2022 às 03:18
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A Flip de Parati/RJ programou homenagem no ano de 2020 à escritora estadunidense Elizabeth Bishop. 

Conquanto tenha residido no Brasil por mais de quinze anos, essa escritora em nada contribuiu ou influenciou as letras e a cultura brasileira.

Não se conhecem as motivações reais para tão disparatada homenagem. Porventura, uma delas seja a eterna subordinação econômica e, em consequência, também intelectual e cultural do país às matrizes estrangeiras.

Tal viés, já escarmentado em várias oportunidades por diversos intelectuais independentes, ocasiona desprezo pelas realizações genuinamente nacionais, valorizando exacerbadamente o produzido nas metrópoles mundiais do momento (antes França, depois EE.UU.) em detrimento de nossos valores.

Assim, a obtusidade da citada homenagem omitiu, por exemplo, vários escritores brasileiros do mais alto nível, a exemplo de Érico Veríssimo e João Cabral de Melo Neto, deste, por sinal, transcorrendo até mesmo o centenário de nascimento em 2020.

Além disso, e pior do que isso, a atitude subordinativa e alienada da curadoria da Flip de Parati é fenômeno generalizado, principalmente no Eixo Rio-São Paulo, que só dá atenção para o produto estrangeiro (veja-se a programação alienante das principais e de algumas não principais editoras de livros do Eixo), permanecendo de costas para o restante do país.

Como o Eixo ainda é a caixa de ressonância do Brasil, seu pouco caso e até mesmo desprezo pelo que se faz no restante do país afetam a cultura brasileira, escamoteando do conhecimento e usufruto de todos inúmeras obras-primas essenciais nele produzidas.

Em Uberaba, por exemplo, pelo menos três autores destacam-se extraordinariamente pela obra produzida e editada: LINCOLN BORGES DE CARVALHO, com o excelente livro de memórias “Roteiro Cinza” (2006); JORGE ALBERTO NABUT, cuja obra poética multiforme, vigorosa e inventiva suplanta a maioria dos medalhões passados e presentes do citado Eixo com seu “Geografia da Palavra” (2010) e livros posteriores; além no maior fenômeno das letras brasileiras, JOSÉ HUMBERTO SILVA HENRIQUES, com mais de 330 (trezentos e trinta) livros em todos os gêneros disponibilizados na Amazon e detentor de mais de 100 (cem) prêmios literários, autor de inúmeras obras-primas, a exemplo dos romances “Pernaiada” (2012) e “A Travessia das Araras Azuis” (2012), do poema em prosa “Araguaia” (2010) e do ensaio “A Inutilidade da Arte” (2007).

Por que a Flip de Parati e a Flip de Araxá não os homenageiam e não divulgam suas obras? Eis a questão. 

(*) advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/

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