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A Santa Casa de Misericórdia de Uberaba

A existência de Santas Casas constitui tradição portuguesa implantada no Brasil desde que foi fundada em 1540

Guido Bilharinho
Publicado em 11/01/2019 às 20:49Atualizado em 17/12/2022 às 17:13
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A existência de Santas Casas constitui tradição portuguesa implantada no Brasil desde que foi fundada em 1540 em Olinda/PE, a que seria a primeira segundo alguns, sendo a segunda, a de Brás Cubas em Santos em 1543, seguida pela de Salvador/BA em 1549 e pela do padre Anchieta, uma das figuras fundamentais do nascimento do país, iniciada em 1582 no Rio de Janeiro. 

A importância desses nosocômios decorre de sua necessidade e imposição social para atendimento médico-hospitalar da população destituída totalmente da possiblidade de arcar com os custos dos tratamentos e medicamentos, justamente ela e justamente por destituída de meios econômicos, a mais vulnerável e mais suscetível de sujeição aos males físicos.

Em pelo menos todas as cidades grandes e médias brasileiras existiram santas casas.

Em Uberaba não foi diferente, conquanto ainda pequeno núcleo populacional, não ultrapassando, com os escravos, de 2.000 habitantes em fins da década de 1850.

Contudo, aqui chegando em 1856, frei Eugênio Maria de Gênova, notável missionário pregador e gênio empreendedor, conforme testemunho do historiador Antônio Borges Sampaio - à semelhança do padre Anchieta, constatou a necessidade dessa categoria de nosocômio para assistência e atendimento da população carente, dando início em 1858 às obras de sua construção sob planta por ele elaborada de edifício de extraordinária proporção para a época e dimensão da cidade, com mais de 2.000m² de construção em terreno superior a 19.000m².

Não obstante não tê-lo podido concluir por seu prematuro falecimento, seu ideal e esforços conseguiram ser finalizados e inaugurados em 1898, porém quarenta anos depois!

Toda essa História é contada por José Mendonça no ensaio que veio a lume em 1949 e desde então se encontra esgotado e inacessível a quem se interesse pelo assunto. Graças, contudo, ao empenho e cuidado com que Eliana Mendonça, filha do Autor, conserva o original pôde-se disponibilizá-lo no blog: guidobilharinho.blogspot.com.br.

Elaborado a pedido, conforme registra José Mendonça, esse ensaio, dividido em duas partes, focaliza com critério e objetividade a figura exponencial de frei Eugênio e, em seguida, descreve a fundação e o funcionamento da Santa Casa, administrada pela atuação, desprendimento e operosidade de suas Mesas Administrativas e dos dedicados médicos e irmãs dominicanas que, por amor ao próximo, a dirigiram e possibilitaram o atendimento e a assistência aos necessitados.

Por meio de suas páginas, toma-se conhecimento, passo a passo, das dificuldades enfrentadas e vencidas, e das ampliações e modernizações implementadas, ressaltados a dedicação e o trabalho do dr. José Ferreira, seu mais longevo provedor, que, por sinal, enfrentou e venceu, após catorze anos de esforços, a construção do prédio atual após o incêndio que devorou o antigo em 1921.

Assim, pois, tem-se até 1949, data da elaboração do ensaio, notável levantamento histórico da fundação e atividades da Santa Casa, cujo edifício pertence hoje à Universidade Federal do Triângulo Mineiro mediante doação.

Atualmente, toda a assistência médico-hospitalar-assistencial, anteriormente suportada pela Santa Casa, está acometida ao Hospital Universitário, de fundamental importância para Uberaba e região.

(*) advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, história do Brasil e regional

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