SAÚDE

Raiva: prognóstico é fatal em quase 100% dos casos, afirma veterinário

Depois de dez anos sem mortes por raiva humana, MG registra três óbitos pela doença no último mês

Letícia Marra
Publicado em 15/05/2022 às 19:23Atualizado em 18/12/2022 às 22:37
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“A doença sempre é fatal no animal e no ser humano. Com prognóstico fatal em quase 100% dos casos, representa um grave problema de saúde pública”, alerta o médico veterinário e gerente clínico do Hospital Veterinário da Uniube, Cláudio Yudi.

No último mês, em Minas Gerais, depois de uma década sem registros de morte por raiva humana, foram identificados três óbitos pela doença e um caso segue em investigação. Dois adolescentes de 12 anos e uma criança de 5 anos são as vítimas fatais e fazem parte da mesma família. Eles eram da etnia Maxacali e viviam na reserva indígena de Pradinho, em Bertópolis, na Região do Vale do Mucuri.

A família contou aos médicos que um dos adolescentes de 12 anos havia sido atacado por um morcego 10 dias antes. Ele foi atendido no dia 3 de abril e morreu em menos de 24 horas.

A menina de 12 anos também apresentou sintomas e o caso foi notificado à SES-MG no dia 5 de abril. Na data seguinte, foi transferida de Bertópolis para o Hospital Infantil João Paulo II, em Belo Horizonte, onde permaneceu internada por 24 dias. Ela chegou a ocupar um leito de UTI, mas morreu no dia 29 de abril.

No dia 17 de abril, a SES-MG foi notificada a respeito da morte de uma criança de 5 anos que também vivia na aldeia. Ela não apresentou sintomas da doença, mas como havia parentesco próximo com as outras vítimas, o estado passou a investigar o caso, que foi confirmado em 26 de abril. As investigações continuam para saber como ocorreu a infecção.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) investiga mais um caso suspeito. Trata-se de uma menina de 11 anos, da mesma comunidade indígena. Ela está internada com febre e dor de cabeça. O caso foi considerado suspeito no último dia 21 de abril e aguarda resultado dos exames laboratoriais.

A raiva é uma doença infecciosa aguda causada por um vírus, que acomete mamíferos, inclusive o homem.Normalmente, a raiva é transmitida por meio da mordida de um animal. No Brasil, cães e morcegos são os principais transmissores.

O veterinário Cláudio Yudi explica que o animal infectado, além de poder morder o tutor, pode morder a si mesmo. “O cão infectado inicia-se com perda de apetite, irritação ou coceira na região ferida e febre. Posteriormente o animal fica agressivo, com tendência a morder objetos, outros animais, o homem e morder a si mesmo, muitas vezes provocando graves ferimentos”, diz.

Se o cão ou gato for observável, o tutor receberá orientação dos funcionários da Seção de Controle de Animais de Pequeno Porte-SCAPP, para observar o animal por 10 dias, caso apareçam sintomas da raiva animal.

Caso o animal venha a óbito, deve-se levar o corpo imediatamente para o Centro de Controle de Zoonoses e Endemias, para que façamos a coleta do encéfalo para enviar para Funed - Fundação Nacional Ezequiel Dias, para confirmar ou descartar o diagnóstico de raiva.

A raiva evolui muito rapidamente. quando chega à segunda fase, o cachorro geralmente vai a óbito em 48 horas.

Os sintomas de raiva no animal: excitação; agressividade, medo, depressão, ansiedade, demência, dificuldade de engolir, salivação, falta de coordenação dos membros, paralisia. O telefone para atendimento ao público é 3315-4173.

Nos humanos, os sintomas são mal-estar geral; pequeno aumento de temperatura; anorexia; cefaléia; náuseas; dor de garganta; entorpecimento e irritabilidade.

A Secretaria Municipal de Saúde explica que a pessoa atingida deve lavar com água e sabão abundante a área da mordida, arranhão ou lambedura; procurar atendimento médico.

Cláudio Yudi ainda reforça que o único caminho para prevenção é a vacinação. “Todos os animais devem ser vacinados com a vacina anti-rábica, que é forma de prevenir a doença. Além disso, cães com comportamento agressivo devem ser mantidos sempre em local seguro para evitar fuga e ao passear o animal deve estar com guia, coleira e focinheira”, alerta.

Em Uberaba, o início da vacinação antirrábica está previsto para o dia 15 de julho, com duração de 45 dias. Estima-se vacinar 45 mil animais.

Quanto à incidência, não houve registro de raiva no município nos últimos 12 meses, o que ocorre há vários anos.

Quanto à vigilância em relação à raiva, equipes de Zoonoses fazem o monitoramento de morcegos. Quando há morcego em condição suspeita (caído, exposto à luz solar ou morto), a orientação é não tocar no animal. Deve-se cobri-lo com um balde e entrar em contato com o Departamento de Zoonoses.

O morcego é recolhido, avaliado, identificado, preparado e levado à unidade local da Rede de Laboratórios em Saúde Pública (Relsp), que o encaminha para Belo Horizonte. É feita a análise do animal e, se porventura for positivo, o Departamento de Zoonoses de Uberaba é imediatamente informado para suas providências.

 

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