SAÚDE

Vacina "anticocaína" desenvolvida na UFMG pode proteger grávidas e bebês dos efeitos do vício

Publicado em 17/01/2022 às 15:13Atualizado em 18/12/2022 às 17:52
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Vacina desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apresenta potencial para proteger grávidas dependentes de cocaína, juntamente com seus bebês, dos efeitos negativos causados pelo uso do ilícito.

Os primeiros experimentos do imunizante, que vem sendo desenvolvido desde 2018 na instituição, se mostraram eficazes na proteção do cérebro de camundongos fêmeas durante a gestação e a amamentação.

A vacina também foi capaz de estimular a produção de anticorpos do tipo igG, que impedem a passagem da cocaína para o sistema nervoso central. O imunizante é composto da proteína GNE-KLH, criada a partir da modificação da própria droga, e que é capaz de induzir o organismo a produzir células de defesa.

Durante os testes laboratoriais, a vacina foi aplicada em 26 cobaias grávidas. Metade foi vacinada e a outra metade recebeu apenas placebo. Ao analisar os resultados, os pesquisadores observaram que o imunizante estimulou a produção de anticorpos de quatro a seis vezes mais do que o uso da droga.

Comparadas às fêmeas tratadas com placebo, os roedores imunizados durante a gestação também apresentaram maior ganho de peso gestacional e tiveram mais filhotes. Além disso, o IgG passou pelo leite materno, protegendo também os roedores recém-nascidos. Os filhotes também sofreram menos problemas de locomoção e de desinibição causados pela droga.

Para o coordenador do estudo e professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Frederico Garcia, o uso de crack e cocaína na gravidez é um problema de saúde pública. “A droga não só afeta diretamente o feto, mas também a mãe e a criança em médio e longo prazos. Dessa forma, a vacina pode beneficiar as novas gerações e oferecer prevenção primária na área de saúde mental”, elucida.

O estudioso acredita que o imunizante poderá ser disponibilizado tanto na rede pública, quanto na rede privada, em breve. A vacina pode, também, evitar problemas gestacionais como pré-eclâmpsia grave, aborto espontâneo e parto prematuro com complicações, nas usuárias de cocaína.

No que diz respeito aos bebês, o experimento aponta chances significativas de prevenção do baixo peso ao nascer, das malformações e da síndrome de abstinência, sintomas comuns observados em recém-nascidos de dependentes químicas. A próxima etapa da pesquisa é o registro da vacina na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e autorização para a realização de testes clínicos em humanos.

*Com informações de Hoje Em Dia

 

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