SAÚDE

Não é um bicho de sete cabeças, é só uma dieta diferente: entenda mais sobre o vegetarianismo

Rafaella Massa
Publicado em 05/09/2021 às 18:31Atualizado em 19/12/2022 às 02:10
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Foto/Reprodução

O vegetarianismo é uma prática que tem ganhado popularidade cada vez mais. Hoje, celebridades, influenciadores e, inclusive, esportistas aderiram a este hábito em busca de uma vida mais saudável e que não fosse a base do consumo de carne. Porém, o vegetarianismo e, principalmente, o veganismo, que inclui o consumo zero de qualquer produto de origem animal, ainda causam polêmica, seja por parecer radical em uma sociedade carnívora ou pela simples falta de conhecimento sobre o tema.  

Mas o que é o vegetarianismo? Ele se divide em alguns modelos. Existe o vegetariano, que só exclui a carne da alimentação, porém, consome produtos de origem animal. Também há os lactovegetarianos, que excluem ovos e carne, mas consomem leite e queijos. Há ainda o ovo-lacteovegetarianismo, que ainda come ovos, leite e derivados. Já o vegano vai muito além do consumo alimentício. Este exclui todo e qualquer produto que venha da exploração animal, inclusive produtos cosméticos que sejam testados em animais, rodeios, aquários, vestuário e toda esta gama.

Porém, voltando o foco à alimentação, a carne é algo valorizado na alimentação do brasileiro, seja no almoço ou na janta, e às vezes até entre as refeições principais.  Porém, ela não é de fato necessária, sendo inclusive prejudicial à saúde quando se fala no colesterol. Este produto tem sim seus benefícios, mas tudo pode ser substituído por alimentos de origem vegetal.

A nutricionista Renata Victoratti explica que a maior preocupação das pessoas que procuram fazer a transição para vegetarianismo é em relação à proteína. Porém, a especialista explica que os principais alimentos que têm bastante proteína são as leguminosas. “Todos os tipos de feijões, grão de bico, brotinho, lentilha, ervilhas, soja, tofu, tempeh, enfim, todos os alimentos derivados dos feijões. Então, o que essa pessoa pode fazer é, retirando a carne do prato, aumentar os feijões, colocar mais de um tipo se ela quiser e pode fazer preparos à base das leguminosas. A gente incentiva a fazer bolinhos, quibes, tortas e hambúrgueres todos à base desses legumes. São práticos, acessíveis e, principalmente, são saborosos”, explica.

E, assim como qualquer outra alimentação, é importante que as pessoas tenham o cuidado de comer alimentos de todos os grupos alimentares para não faltar nenhuma vitamina, portanto, comer de todos os grupos: frutas, verduras, cereais, leguminosas e sementes. “A diferença é que o vegetariano/vegano tira a carne e laticínios da alimentação. Mas, todos os outros grupos precisam estar presentes. Às vezes uma pessoa que só consome carne, sem consumir frutas, verduras e legumes, não está garantindo todos os nutrientes que ela precisa. É importante que as pessoas possam consumir todos os tipos de alimentos, mas sempre de uma forma variada, com bastante equilíbrio, para que possam suprir todas as necessidades energéticas”, esclarece Victoratti.

Para quem se interessa em realizar esta mudança, a nutricionista conta que é essencial estar aberto a descobrir e experimentar novos sabores, texturas e ingredientes. “A questão mais importante é a gente se abrir a novos sabores, entender que o alimento e os produtos estão sendo feitos com ingredientes diferentes, então, a gente não vai encontrar o mesmo sabor dos produtos industrializados” afirma Renata.

Apesar de não ser obrigatória, a mudança pode ser feita com acompanhamento profissional, que é bem importante com ou sem uma dieta alimentar específica. É importante ter um profissional adequado para poder acompanhar a alimentação da população, apesar de não ser algo completamente acessível. No caso da dieta vegana, esse acompanhamento é necessário por causa da vitamina B12 importante para o sistema nervoso central, mantendo a cognição e prevenindo a degeneração das células. Entretanto, esta vitamina não pode ser encontrada nos alimentos de origem vegetal.

“É importante que essa suplementação seja feita nas pessoas que são veganas. Porém, acontece que consumir carne também não garante níveis adequados de B12. Hoje eu tenho muitos pacientes que suplementam B12 consumindo carne, 90% deles. Então, o que eu aconselho aos meus clientes, tanto os que consomem carne quanto os que não consomem: Fazer exames periódicos, então, todo ano a gente fazer exames, acompanhar e decidirmos se vai suplementar ou não seja a B12 ou outro nutriente de acordo com o resultado do exame”, explana Renata.

Esse acompanhamento pode ser feito por exemplo nos postos de saúde, mas é fundamental fazer exames periódicos para poder acompanhar os níveis não só de vitaminas B12, mas também dos níveis de ferro.

Benefícios do não consumo de carne

De acordo com Renata, a mudança acontece assim que a pessoa tira a carne do prato e o leque de opções para poder experimentar novos sabores se abre. Ao mesmo tempo que o consumo de carne diminui, o repertório de vegetais, legumes, verduras, frutas e afins se aumenta, bem como a busca por novas receitas. À medida do tempo, já é perceptível um aumento na disposição e a leveza nas próprias refeições.

“Se olhar para os exames de sangue, a gente percebe que nessa alimentação a base de vegetais, aumenta o consumo de fibras, de vitaminas, de antioxidantes, de minerais, porque a gente também reduz o consumo de gorduras, principalmente do tipo pasturadas, de colesterol. E aí, olhando para todo um panorama de doenças, a gente reduz os riscos de diabetes, de alta pressão arterial, de doenças cardiovasculares. Então, tanto a curto como a longo prazo, a gente tem benefícios gigantescos”, conta Victoratti.

O conselho da nutricionista é que seja dado um passo de cada vez em direção a essa dieta, por exemplo, através da campanha ‘Segunda Sem Carne’, que é uma campanha mundial, feita há 10 anos no Brasil, trazida pela Sociedade Vegetariana Brasileira. “Uma coisa que eu acho interessante para as pessoas que querem começar de alguma forma, mesmo que seja para reduzir o consumo de carne ou a exclusão, existe uma campanha famosa que é a ‘Segunda sem Carne’. Hoje, muitas escolas estaduais, municipais, prefeituras, já aderiram a essa campanha e é uma forma das pessoas substituírem a proteína animal pela proteína vegetal uma vez na semana. Ela é na segunda-feira porque esse é o dia mundial de mudanças, é o dia que a gente quer começar novos desafios, mas não precisa ser necessariamente na segunda. Então, as pessoas escolhem um dia para testar novas receitas, descobrir novos sabores e começar essa redução que com certeza só vai trazer benefício para a saúde das pessoas”, finaliza.

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