SAÚDE

O poder da empatia é fundamental para a saúde mental, diz psicólogo

Mas é preciso alertar para o balanceamento da dosagem de empatia para evitar cair nos extremos de submissão ou infantilização do outro

Rafaella Massa
Publicado em 06/06/2021 às 00:47Atualizado em 19/12/2022 às 03:15
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O psicólogo Sérgio Marçal explica que, para colocar a empatia em prática, antes a pessoa precisa estar com a saúde mental em dia (Foto/Divulgação)

No dicionário, a empatia é a ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias. Ou seja, compreender que se uma atitude faz bem a si próprio, pode fazer bem ao outro. E o contrário também: uma atitude que faz mal a si próprio pode machucar o outro. A empatia não é um conceito novo, porém, nos últimos tempos a palavra vem se popularizando, sobretudo nas redes sociais. Mas você sabe praticar a empatia?

Essa popularização é necessária. A empatia é fundamental para a saúde mental. Fazer o bem ao outro pode agregar muito ao sentimento de satisfação. Mas, mais do que isso, não machucar o outro e respeitar limites evita que relacionamentos nocivos sejam criados. O psicólogo Sérgio Marçal explica que a empatia favorece relações saudáveis e de cuidado, que promovem bem-estar e, consequente, saúde mental.

“A pessoa que consegue se colocar no lugar do outro normalmente já tem uma inteireza de si. E ajudando o outro ela tem uma noção de bem-estar e de completude psíquica. Então, acaba gerando relações saudáveis, qualidade de vida, e contribui para o desenvolvimento da saúde mental”, explica.

Quando se exercita a empatia, é gerada uma noção de “eu e outro” que possibilita enxergar até onde se pode ir para não ferir o outro, evitando que se criem relações de disputa ou até mesmo de vampirismo. Contudo, o exercício da empatia exige equilíbrio de ambas as partes. “É preciso ser firme com ternura. Muitas vezes, as pessoas estão num polo muito ansioso, agressivo, ou num polo deprimido, não dando conta da vida. Então, o exercício que o olhar da empatia proporciona nesse olhar de 'eu' e do 'outro' ajuda a sair das polarizações. Se a gente for prestar atenção, nós temos uma tendência a polarizações nas relações e isso produz o adoecimento. Produz ou vínculos de dependência ou posições de competição o tempo todo, que não são saudáveis”, alerta Marçal.

É essencial dosar a relação de cuidar e receber para evitar que a empatia se torne também um fardo. Ser empático demais pode guiar uma pessoa ao caminho da submissão, solidão e esgotamento. Em contrapartida, só ser alvo da empatia alheia pode causar infantilização, voracidade, frustração e, consequentemente, dependência. Portanto, o trabalho de empatia exige uma saúde mental em dia tanto para quem doa quanto para quem recebe.

“É preciso a gente entender que a gente precisa se cuidar e estar bem para poder cuidar do outro. Afinal, uma pessoa que não sabe nadar não vai conseguir salvar uma que está afogando. Às vezes, em alguns momentos, a gente não vai conseguir exercitar a empatia, porque existe uma tendência à autopreservação. Mas isso não pode levar a gente a cair no egoísmo também. Então, para exercer a empatia eu preciso estar bem comigo, para estar bem com o outro”, finaliza o psicólogo.

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