SAÚDE

Projeto coordenado por docente da UFTM mostra impactos da Covid-19 na gestação, parto e puerpério

Publicado em 27/04/2021 às 19:57Atualizado em 18/12/2022 às 13:22
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Foto/Divulgação/UFTM

O projeto intitulado “O impacto da COVID-19 na gestação, parto e puerpério”, coordenado pela professora Mariana Torreglosa Ruiz, em parceria entre UFTM e UFSCar, analisou dados sobre a doença nesse público alvo. Os resultados estão sendo publicados em artigos científicos. 

Por apresentar temas e momentos distintos do ciclo gravídico-puerperal, o grupo de estudo realizou buscas com temas e em tempos diferentes. Foram revisados estudos publicados no mundo todo. O projeto foi contemplado com fomento pelo CNPq em chamada para o enfrentamento da COVID-19, desenvolvida em conjunto com Ministério da Saúde e da Ciência e Tecnologia.

Gestantes, pelas próprias alterações fisiológicas da gravidez, apresentam riscos para adquirir infecções, principalmente respiratórias e, quando apresentam infecção podem apresentar formas graves ou evoluir com gravidade, por isso são consideradas grupo de risco e prioritário para assistência. “Além de pertencer ao grupo de risco, não há ainda tratamento efetivo ou imunização vislumbrados a esse público, sendo extremamente importante, nesse caso, medidas preventivas rigorosas para esse grupo, incluindo a educação em saúde e informações de qualidade”, justificou a coordenadora.

O projeto foi dividido em quatro fases. No primeiro estudo, as buscas foram realizadas  em julho de 2020, a respeito da transmissão vertical, que é o risco de a mãe transmitir a infecção para o neonato, ou seja, o recém-nascido. Foram avaliados 219 neonatos que nasceram no mundo todo. Os resultados apontaram baixo índice de neonatos infectados, entretanto a transmissão vertical não pode ser comprovada, pois exige testagem da PCR (exame para testar a COVID-19) em diferentes amostras. Os pesquisadores atentam que a possibilidade de transmissão existe e não pode ser descartada.

Já o segundo estudo, realizado pelo grupo em agosto de 2020, buscou identificar o perfil das gestantes infectadas. Foram analisados dados de 685 gestantes que tiveram a COVID-19 no mundo todo.

De forma geral, houve predomínio de casos em mulheres com idade superior a 30 anos, que se infectaram principalmente no terceiro trimestre gestacional (final da gestação) e os quadros mais graves foram associados a mulheres que possuíam comorbidades, sendo as principais a obesidade, o diabetes gestacional e o tipo 2, a hipertensão arterial e a asma.

“A literatura aponta  associação entre o aumento da mortalidade materna e pandemia pela COVID-19 pode ser justificada pela hesitação da gestante em procurar assistência, por medo da doença; problemas financeiros e/ou de transporte que dificultam o acesso aos serviços de saúde; isolamento materno de gestantes infectadas  em regiões distantes, que comprometem o atendimento em tempo hábil, em quadros graves; baixa adesão às consultas pré-natais; redução de consultas, suprimentos e profissionais de saúde, comprometendo a qualidade assistencial”, exemplifica Torreglosa. 

Dessa forma, a mortalidade materna secundária à COVID-19 demonstra as disparidades das minorias e a população vulnerável. Dados do observatório brasileiro de COVID-19 na gestação e puerpério apontam 893 óbitos em decorrência da infecção, sendo que destes, 311 foram em puérperas (35%) e 582 (65%) ocorreram na gestação. 

No terceiro estudo, realizado concomitantemente, buscou-se avaliar o tratamento das mães acometidas pela COVID-19. Foram inclusos no estudo análise de 594 gestantes infectadas. O quarto estudo visou avaliar a possiblidade de infecção no puerpério (período pós-parto). Nesse último estudo, realizado em novembro de 2020, identificaram-se 21 casos de COVID-19 no puerpério relatados no mundo.

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