SAÚDE

Quando a angústia causada pela pandemia vira doença?

Que os tempos são difíceis, todos sabemos, mas o aumento de casos de doenças causadas pelo isolamento social chama a atenção para a saúde mental, muitas vezes negligenciada

Joanna Prata
Publicado em 27/03/2021 às 16:39Atualizado em 19/12/2022 às 04:19
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Foto/Arquivo JM

Segundo o diretor de Atenção Psicossocial do município, Sérgio Marçal, além dos quadros causados pelo isolamento social, há aqueles em que o isolamento intensifica sintomas de outros distúrbios pré-existentes

Desde o início da pandemia, em março de 2020, a Rede de Saúde Mental tem recebido ampla procura por atendimentos. Apenas no Serviço Intermediário de Atenção Psicossocial (Siap) foram 1.490 novos casos e, nos Centros de Atendimento Psicossocial (Caps), foram mais de 500 novos pacientes graves. O psicólogo Sérgio Marçal, que é diretor da Atenção Psicossocial do município, atribui o aumento de casos nesse período ao momento pelo qual estamos passando.

“O aumento da demanda é muito expressivo e sinaliza para situações reativas, ou seja, aquelas em que a demanda do paciente se manifesta diante de uma questão específica, como a pandemia, havendo também o agravamento dos casos de pessoas que já possuíam algum sofrimento ou transtorno mental”, avalia Marçal.

Das queixas relatadas por aqueles que procuraram ajuda no Município, a predominância são crises de ansiedade e depressão em seus diferentes subtipos. “É importante destacar o aumento de casos novos e o agravo de casos que já eram assistidos em decorrência da pandemia”, alerta o diretor. 

Luiz Carlos Fortes, psiquiatra que atende no Caps, no ambulatório Maria da Glória e, também, em consultório particular, relatou à reportagem do Jornal da Manhã que, nos últimos meses, tem notado procura maior por consultas. Os sintomas mais frequentes expostos pelos pacientes são sensação de fadiga, falta de disposição, dificuldade de concentração, sensação de falta de ar e aperto no peito, insônia, pensamentos obsessivos de insegurança com futuro e declínio do humor. É natural sentir angústia e tristeza durante o período de isolamento e diante de tantos acontecimentos e notícias cada vez piores sobre crise sanitária global. 

Sérgio Marçal orienta que a população deve ficar atenta caso se perceba em sofrimento. A ajuda profissional deve ser procurada assim que observados os sintomas constantes e prejuízos na rotina para desenvolver atividades que antes eram feitas com tranquilidade. “Nestes casos, é importante e necessário procurar ajuda profissional, lembrando que a saúde mental não está dissociada da saúde, ou seja, exige iguais cuidados, e que qualquer sintoma não tratado pode evoluir para uma doença grave”, ressaltou o especialista. 

No atual momento, em que as medidas de distanciamento precisaram ser adotadas, os atendimentos são remotos para pacientes que já estão vinculados à rede de saúde mental. Os profissionais estão fazendo o uso de recursos como chamadas de vídeo, atendimentos em grupo por aplicativos de reuniões e, também, através de chamadas de telefone. “O modelo de trabalho e abordagem tem sido reavaliado constantemente e adaptado aos diferentes estágios da pandemia, de modo a resguardar a integridade de pacientes e trabalhadores da saúde”, informou Sérgio Marçal. 

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