SAÚDE

A delicada traição da memória: quando devemos procurar um médico devido ao esquecimento?

Larissa Prata
Publicado em 20/02/2021 às 12:38Atualizado em 19/12/2022 às 04:35
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Foto/Arquivo/Jairo Chagas

Neurologista Lineu Miziara explica que quando os esquecimentos começam a incomodar e atrapalhar o dia a dia é hora de procurar um especialista

Onde eu deixei as chaves? Cadê meu celular? São perguntas mais do que comuns que nos fazemos diariamente. Por “culpa” do atropelo do dia a dia ou pelo excesso de coisas a fazer de forma simultânea, o fato é que pequenos esquecimentos fazem parte da vida cotidiana da esmagadora maioria da população. Mas quando esses esquecimentos são patológicos?

“Perda de memória é uma queixa muito comum nos consultórios neurológicos. Se esses esquecimentos são leves e não estão atrapalhando o seu cotidiano, não atrapalham você profissionalmente, não atrapalham você a trabalhar, a estudar, e você não esquece nada assim muito importante, como o que jantou ou o nome dos familiares, provavelmente isso não é de importância médica e pode melhorar. Agora, se os esquecimentos estão sendo muito incomodativos, se eles estão tirando a sua qualidade de vida, ou se eles estão piorando, aí valeria à pena você procurar um neurologista”, explica o médico neurologista Lineu Miziara.

O especialista ainda quebra um tabu importante. Sabe “aquele” remediozinho ou as vitaminas que prometem melhorar a memória? Pois bem, segundo Miziara não há qualquer comprovação de que essas promessas sejam cumpridas. “Não existem ainda medicamentos propriamente para a memória, para você tomar e dizer 'minha memória melhorou'. Não adianta tomar vitamina para a memória. Você vai encontrar na farmácia vários medicamentos, inclusive caros, que propalam serem bons para a memória. Isso tudo é mentira! Isso não tem nenhum efeito comprovado. O que a gente deve fazer é treinar a memória, ler, estudar alguma coisa que não seja da sua profissão, escutar música, exercícios que ajudam também na reabilitação da memória”, orienta Lineu Miziara, acrescentando que esse “treinamento” amplia as conexões, as sinapses, as ligações entre os neurônios. Isso tudo pode ajudar na cognição, na inteligência e na memória.

O neurologista afirma ainda, que estudos internacionais apontam para esses exercícios cerebrais como prevenção ao Alzheimer. “Então, quem leva uma vida intelectual mais ativa, quem estuda, quem lê, quem exercita os neurônios, por assim dizer, tem uma chance menor de desenvolver Alzheimer”, pondera.

Lineu Miziara também faz importante alerta com relação à perda da memória como consequência da Covid-19. Segundo ele, “é muito comum pessoas que tiveram a infecção contarem que ficaram com fadiga, falta de ânimo, apatia. Mas isso muitas vezes melhora. Com o passar das semanas isso pode voltar ao normal. Mas quando a sequela é mais pronunciada, como perda de memória, a pessoa começa a ter dificuldade para falar, para lembrar de palavras, para planejar o dia a dia, para raciocinar. Mais importante, isso envolve provavelmente uma lesão no cérebro mais grave”, finaliza.

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