SAÚDE

Um em cada quatro adultos do país estava obeso em 2019, conforme pesquisa

Publicado em 21/10/2020 às 15:20Atualizado em 18/12/2022 às 10:26
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O percentual de pessoas obesas em idade adulta no país mais do que dobrou em 17 anos, indo de 12,2%, entre 2002 e 2003, para 26,8%, em 2019. No mesmo período, a proporção da população adulta com excesso de peso passou de 43,3% para 61,7%, representando quase dois terços dos brasileiros. Os dados são do segundo volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, divulgada hoje (21) pelo IBGE.

A comparação foi feita com as edições 2002-2003 e 2008-2009 da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) e com edição anterior da PNS, em 2013, para as pessoas com 20 anos ou mais de idade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a avaliação antropométrica nutricional de adultos deve ser feita a partir da relação entre peso e altura. Para a OMS, quem tem o Índice de Massa Corporal (IMC) abaixo de 18,5 kg/m² pode ser classificado com déficit de peso. Já os que têm o IMC igual ou acima de 25kg/m² podem ter excesso de peso e, igual ou acima de 30 kg/m², obesidade.

Segundo a técnica do IBGE Flávia Vinhaes, os dados da PNS retratam o avanço do excesso de peso e da obesidade na população brasileira nos últimos anos. “O percentual tanto da obesidade quanto do excesso do peso vem subindo. Em ambos os sexos, o excesso de peso avançou e a obesidade mais que dobrou”, diz a pesquisadora.

Considerando o grupo com 18 anos ou mais, 25,9% estavam obesos em 2019, o que representa 41,2 milhões de pessoas. Cerca de 96 milhões de pessoas, ou 60,3% da população nesse grupo etário, estavam com excesso de peso. “A obesidade é um subgrupo do excesso de peso, então as pessoas obesas também estão inclusas no grupo que está com excesso de peso”, explica Flávia.

O estudo também investigou as medidas antropométricas de adolescentes entre 15 e 17 anos que foram selecionados em uma subamostra dos domicílios da pesquisa. O percentual de excesso de peso para os adolescentes desse grupo foi de 19,4%, o que representa 1,8 milhão de pessoas. A prevalência foi maior entre adolescentes do sexo feminino (22,9%) do que no masculino (16%). Em relação à obesidade, o percentual ficou em 6,7%, sendo 8% para o sexo feminino, e 5,4% no sexo masculino.

Cerca de 7,4 milhões de pessoas (33,7%) de 18 a 24 anos estavam com excesso de peso em 2019. Já quando se observa o grupo da faixa de idade entre 40 e 59 anos, essa prevalência sobe para 70,3%, o que representa 39,5 milhões de pessoas.

“Com o avanço dos grupos de idade, a prevalência vai aumentando, mas ela diminui na faixa de idade de 60 anos ou mais. Isso para ambos os sexos. A gente observa que as mulheres têm mais prevalência que os homens em excesso de peso, exceto na faixa de 25 a 39 anos, em que os homens têm o percentual mais elevado”, diz a pesquisadora. Em 2019, a obesidade atingia 29,5% das mulheres e 21,8% dos homens, enquanto o sobrepeso afetava 62,6% das mulheres e 57,5% dos homens.

A técnica destaca que a obesidade cresce conforme o avanço das faixas de idade, exceto no grupo de pessoas com 60 anos ou mais. “Em relação à obesidade, a gente observa esse mesmo movimento, à medida que a idade vai avançando, a prevalência aumenta. Na faixa de idade de 60 ou mais, o percentual recua. Observamos também que as mulheres têm maior prevalência de obesidade que os homens em todos os grupos de idade”, completa.

A pesquisa também analisou o déficit de peso na população brasileira. O déficit de peso no grupo de pessoas com 18 anos ou mais foi de 1,6% em 2019. “A interpretação de déficit de peso é que abaixo de 5% seriam características normais de uma população. Se tivermos um percentual abaixo disso, não é caracterizado como déficit, mas como característica de pessoas que têm o biotipo magro”, explica a pesquisadora.

A prevalência de déficit de peso foi maior entre os homens em quase todos os grupos de idade, exceto entre as pessoas de 60 anos ou mais. O percentual de déficit de peso das mulheres desse grupo ficou em 2,9%, enquanto o dos homens foi de 2,2%.

Atenção Primária à Saúde é avaliada com nota 5,9

Pela primeira vez, a PNS abordou o tema Atenção Primária à Saúde (APS). O público-alvo do estudo foram moradores com 18 anos ou mais que tiveram pelo menos dois atendimentos com o mesmo médico em Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou Unidades de Saúde da Família (USF). As respostas deles a um questionário foram usadas para calcular o Escore Geral da APS, que varia de 0 a 10. No Brasil, o escore obtido foi de 5,9.

“Sempre que o escore médio é acima de 6,6, ou seja, dois terços de 10, você diz que aquele serviço tem uma orientação para ser de qualidade. É um ponto de corte. Se você tem um valor abaixo disso, não quer dizer que você está muito distante dessa qualidade. Com 5,9, eu diria que o Brasil está em uma trajetória de qualidade para esse público-alvo”, explica o professor associado da Faculdade de Medicina da UFRJ, Luiz Felipe Pinto, que foi consultor da pesquisa.

O estudo também investigou características como sexo, grupos de idade, cor ou raça e estado conjugal dos usuários de Atenção Primária à Saúde. Das pessoas que utilizaram alguns dos serviços da APS nos últimos seis meses que antecederam a entrevista, 69,9% eram mulheres, 60,9% eram pretas ou pardas, 65% tinham cônjuges e 35,8% estavam entre 40 e 59 anos.

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