SAÚDE

Pandemia pode levar à segunda onda do câncer de mama, alerta mastologista

Leandro De Vito explica que mais de um terço das mulheres que deveriam ter feito exames preventivos deixaram para depois da pandemia, o que diminui a possibilidade de identificar tumores precocemente

Larissa Prata
Publicado em 10/10/2020 às 11:03Atualizado em 18/12/2022 às 10:10
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Divulgação

Mastologista Leandro De Vito explica que os efeitos do adiamento dos exames de rotina repercutirão pelos próximos cinco anos

Mais de um terço das mulheres que deveriam ter feito seus exames de rotina durante os meses de isolamento social acabaram deixando para depois. Essa ausência impacta de forma bastante preocupante nos índices de câncer de mama. Isso porque muitos desses exames poderiam revelar tumores de forma precoce. A repercussão negativa dessa medida vai ser sentida de forma negativa e drástica nos próximos cinco anos. O alerta é de Leandro Facure De Vito, médico mastologista, especialista no tratamento e diagnóstico do câncer e reconstrução mamária. “O câncer não ficou de quarentena, ele não sabe que estamos em pandemia, e agora, aos poucos, estamos voltando a fazer diagnósticos, só que em uma fase um pouco mais avançada, o que acarreta em mais quimioterapia, mais radioterapia, mais tratamentos agressivos e menores chances de cura”, preocupa-se o especialista.

Mastologistas de todo o país se preocupam com o que vem sendo chamado de “efeito rebote da pandemia” ou segunda onda do câncer de mama. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o mamário é o segundo tipo que mais acomete brasileiras, representando em torno de 25% de todos os cânceres que afetam o sexo feminino. O exame de mamografia é essencial no combate à incidência da neoplasia, uma vez que ajuda a identificá-la antes de a mulher ter sintomas, sendo indicado tendo como base evidências científicas de seus benefícios na redução da mortalidade.

Adiar os planos de gravidez aumenta a incidência de câncer de mama

Se antes pouco se falava sobre a possibilidade de gestantes se tornarem pacientes oncológicas, o mesmo não se pode dizer da era pós-moderna. Cada dia mais independentes e empoderadas, muitas mulheres optam por adiar os planos de aumentar a família. Mas tudo tem um lado preocupante. Segundo o mastologista Leandro De Vito, a incidência do câncer de mama durante a gravidez tem aumentado, principalmente entre aquelas que deixam para ter filhos após os 35 anos.

“Por sorte o câncer de mama na gestação não é muito frequente, ocorre um caso para 3.000 gestações, mas infelizmente tem aumentado a incidência, porque as mulheres estão tendo menos filhos e deixando para engravidar principalmente após os 35 anos”, explica o mastologista. Ele ressalva, ainda, que o câncer na gestação, por definição, é aquele que ocorre durante a gravidez até 12 meses após o parto.

O período não colabora para o rastreamento da neoplasia, uma vez que as mamas sofrem muitas transformações durante a gestação. “O tecido mamário fica muito diferente, o exame clínico realizado pelo médico e os exames de imagem ficam dificultados, até mesmo as biópsias são mais difíceis de se analisar. Nesta fase é muito importante que a própria mulher fique atenta a alguns sinais, como vermelhidão e endurecimento da pele, nódulos que não desaparecem após a amamentação, saída de sangue pelos mamilos e nódulos duros nas axilas”, alerta Leandro De Vito.

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