SAÚDE

Acho que vou surtar! É hora de procurar um médico?

Essa sensação de estar prestes a explodir a qualquer momento levou muitos uberabenses a procurar uma cura milagrosa nas farmácias

Larissa Prata
Publicado em 01/08/2020 às 10:56Atualizado em 18/12/2022 às 08:22
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Psiquiatra Fauze Sadalah Fakhouri avalia que o prolongamento do distanciamento compulsório acaba levando muitas pessoas a apresentarem sintomas e desconfortos, aumentando a procura por atendimento de saúde mental

Que essa pandemia prolongada está mexendo com os nervos de todo mundo não é novidade. Sair do convívio social compulsoriamente desafia o equilíbrio emocional de praticamente todas as pessoas, que perdem o poder de escolha sobre estar ou não cercadas por outras pessoas. Com isso, muita gente acha que vai surtar a qualquer momento.

Na avaliação do médico psiquiatra Fauze Sadalah Fakhouri, quem já apresentava algum tipo de transtorno apresentou alguma piora nos sintomas; quem não tinha transtorno algum passou a sentir desconfortos e, com isso, aumentou a procura por atendimento de saúde mental. “Para a gente, que é latino, é muito difícil não abraçar, não tocar as pessoas, então, o sofrimento já começou por aí”, analisa o especialista.

Fauze Fakhouri afirma que essa nova rotina imposta a todos leva as pessoas a se se sentirem mais desamparadas, mais entediadas e com raiva por perder a liberdade, sobretudo com o passar dos dias de confinamento social. O psiquiatra faz alerta especial à busca intensificada por medicamentos para aliviar sintomas de ansiedade, preocupação, angústia, insônia, medo, entre outros.

Diante de sentimentos desconhecidos, as pessoas tendem a buscar o caminho mais fácil, imediato – uma verdadeira procura pela cura milagrosa. “É igual quando a gente quer emagrecer e o que a gente quer é um remédio para emagrecer, não quer fazer dieta e atividade física. A gente quer as coisas mais instantâneas. Esse é o mal da modernidade. Algumas pessoas passam a fazer o uso de medicações, muitas vezes sem ter necessidade e sem indicação médica”, explica.

Em contrapartida, muitas pessoas com indicação para tratamento medicamentoso têm medo de usar medicação por recear que pode causar dependência química pelo remédio ou que ele pode trazer efeitos colaterais. E, com isso, adiam a busca por ajuda. É quando a família e pessoas do convívio mais próximo desempenham papel fundamental de alerta.

“A família é um fator muito importante para avaliar se a pessoa está bem ou não. Muitos desses sintomas a gente nem percebe que tem. Não nota que está mais irritado que o normal, ou mais triste, mais calado, introspectivo, ansioso. Às vezes quem nota isso são as pessoas do nosso convívio. Essas pessoas que estão próximas de um familiar em sofrimento que devem chamar a atenção, mostrar que precisa de ajuda”, finaliza o psiquiatra.

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