SAÚDE

Vacinas desenvolvidas pela UFMG estão na lista da OMS das mais promissoras

Previsão para que as vacinas sejam testadas clinicamente é o fim de 2021

Publicado em 17/05/2020 às 11:09Atualizado em 18/12/2022 às 06:21
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As pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) chamaram atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS). Duas vacinas que estão sendo desenvolvidas no país foram incluídas na lista de substâncias mais promissoras do mundo, feita pela OMS.

Centro de pesquisa em biotecnologia, o CTVacinas participa das duas iniciativas mais propicias no Brasil – uma desenvolvida no laboratório da UFMG, em Belo Horizonte, e a outra no Instituto do Coração, em São Paulo.

Há 120 vacinas estudadas em países diversos, e oito delas estão em estágio de testes clínicos. As brasileiras estão na fase de desenvolvimento em bancada e a previsão para que sejam testadas clinicamente é o fim de 2021. As vacinas possuem três fases; a elaboração da fórmula (atual etapa), teste pré-clínico, realizado em animais, e o clínico, quando é testada em humanos. Cada uma destas etapas se divide em sub-etapas.

“É uma previsão, mas na ciência é difícil prever. Se der certo, anda tudo rápido. Se as coisas começarem a dar errado no meio do caminho, e elas dão errado com frequência, esses prazos ficam estendidos”, ressalva o virologista Flávio Fonseca, professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG e coordenador do CTVacinas.

O CTVacinas integra a Rede Vírus, vinculada ao Ministério de Tecnologia, Inovações e Comunicações. Por essa associação, o centro teria de receber R$ 2 milhões para o desenvolvimento conjunto da vacina com a Fiocruz. No entanto, o recurso ainda não chegou. “Tudo o que estamos fazendo é com recursos próprios”, afirma Flávio.

Os pesquisadores trabalham com um horizonte de dois a três anos para que a vacina brasileira esteja disponível. Mesmo que, em outros países, a descoberta chegue antes desse prazo, é fundamental que o Brasil mantenha o esforço para ter a própria substância, pois, devido alta demanda, haverá disputa pela oferta da imunização.

“Temos que desenvolver uma vacina nacional. Imagine uma fórmula desenvolvida nos Estados Unidos... Onde vão aplicar primeiro? Nos EUA. Depois, nos maiores parceiros deles: Europa, Ásia. Vamos ficar no final da fila de prioridades de uma fórmula que precisa ser produzida para bilhões de pessoas. Isso deixa ainda mais patente a importância de desenvolver um produto com disponibilidade nacional”, explica Flávio Fonseca.

Com estratégias diferentes, a vacina em desenvolvimento no Instituto do Coração, em São Paulo, usa partículas semelhantes ao vírus, são do tipo VLP (acrônimo para virus like particles). Semelhantes ao invasor, as partículas são apenas cascas. “Gosto de fazer uma analogia à casquinha de cigarra presa nas árvores na primavera. É aquilo. Não tem o recheio, não tem o genoma. Consequentemente, a partícula não se replica e não age como vírus. É só uma casquinha, que tem a função de ser reconhecida pelo sistema imunológico, que gera anticorpos e células de defesa quando a pessoa é imunizada”, explica o pesquisador.

Na vacina viva, elaborada no CTVacinas, a estratégia é usar o vírus atenuado, constituído por um vetor viral. Está sendo usada como base a vacina para a gripe. “Usamos a vacina para gripe H1N1, uma vacina viva atenuada que é utilizada comumente no mundo inteiro. Por meio de engenharia genética, estamos inserindo no genoma do vírus vacinal, seguro por ser atenuado, um gene que codifica uma proteína importante do novo coronavírus”, diz o coordenador do CTVacinas.

Segundo o conceito aplicado nesse caso, quando o vírus atenuado entra na célula da pessoa vacinada, o organismo responde produzindo anticorpos e células de defesa contra o invasor. Mas, como ele foi modificado geneticamente para produzir proteína do novo coronavírus, o objetivo é que o sistema imune crie defesas contra o causador da pandemia. “O corpo não quer saber se é proteína do H1N1 ou do Sars-CoV-2: identifica-a como antígeno e produz anticorpos contra a proteína do coronavírus.” Quando o imunizante estiver na fase de teste clínico, os pesquisadores precisam convocar voluntários.

*Com informações Estado de Minas

 

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