A capacidade limitada para realização dos exames, alta demanda e logística tem contribuído para retardamento dos diagnósticos da covid-19 no País. Entendimento é do médico Guilherme de Oliveira, especialista em patologista clínica e em medicina tropical, para explicar a demora dos resultados dos exames.
“Para doenças que já convivemos há muitos anos, nós temos testes comerciais, que fornecem um produto já testado exaustivamente onde já sabemos o que esperar e como será a performance daquele teste. Como o coronavírus é uma doença nova, só foi possível fazer esse diagnóstico com o teste desenvolvido pelos próprios laboratórios. Em fevereiro, só Brasil, Canadá e Estados Unidos eram capazes de fazer esse exame. Que é um teste trabalhoso, que nem todos os lugares estavam capacitadas para desenvolvê-lo. Além da falta de capacitação, faltou insumos, a logística ficou mais complicada e a demanda pelo exame aumentou muito. Isso tem que ser contabilizado”, explica.
Já o chamado teste rápido, segundo o patologista, será feito em profissionais de saúde e de segurança para identificar se essas pessoas já tiveram coronavírus no passado e podem voltar ao trabalho. O exame detecta, ou não, a presença de anticorpos contra a covid-19 em amostras de sangue. O resultado pode sair em 15 minutos. O diagnóstico serve para monitorar o avanço da doença no País e levantar a quantidade de pessoas que desenvolveram defesa no organismo ao vírus.
Os testes rápidos, porém não devem ser usados para diagnosticar um paciente, porque o corpo leva cerca de sete dias para desenvolver anticorpos contra um vírus. “Esse exame não vai servir para quem está começando a ter sintomas, que é o nosso maior problema agora, neste caso ele deve ser submetido RT-PCR, mas acredito que um grande esforço tem sido feito para que os resultados comecem a ser entregues com mais agilidade”, conta.
O RT-PCR é usado para diagnosticar a covid-19 em pacientes graves, internados e por amostragem em casos leves em locais estratégicos do País. O exame é feito retirando uma secreção do nariz do paciente e pode identificar a doença já no começo dos sintomas.