SAÚDE

Álcool líquido 70% liberado pela Anvisa para conter o coronavírus pode aumentar o risco de queimaduras

Especialista alerta para risco de acidentes domésticos

Michelle Rosa
Publicado em 24/03/2020 às 07:58Atualizado em 18/12/2022 às 05:11
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Para abranger o processo de contenção do coronavirus, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou na sexta-feira (20) uma medida permitindo a comercialização de álcool líquido a 70% e similares. Para que essa ação fosse possível, foi aprovado um decreto que derruba por 90 dias a Resolução nº 46/2002, que proíbe a venda para pessoas físicas de álcool etílico com graduação superior a 54º GL e à temperatura de 20ºC que prevê a comercialização apenas na forma de gel, no volume máximo de 500g.

Essa Resolução de 2002 também partiu de estudos realizados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Após a aprovação, houve uma diminuição de casos de queimadura em 30% no país. A medida teve como objetivo reduzir o número de acidentes e queimaduras geradas pelo álcool líquido, com alto poder inflamável, além da ingestão acidental.

De acordo com o coordenador da Disciplina de Cirurgia Plástica da Universidade Federal do Triângulo Mineiro UFTM, Marco Túlio Rodrigues da Cunha, usar o álcool nas proporções aprovadas pode ocasionar outros problemas, principalmente acidentes domésticos. “A compra está liberada para pessoas físicas de modo geral. A proibição surgiu para evitar acidentes pois o produto é muito inflamável. Por isso as pessoas têm que ter cuidado. Principalmente em casa nessa hora de quarentena e confinamento domiciliar, especialmente com as crianças, pois elas são muito curiosas. Podem beber esse produto que é altamente toxico que pode agredir o fígado e causar uma intoxicação aguda. Mas temos que analisar principalmente a questão das queimaduras”.

O médico destaca os números por queimaduras no Brasil. “Um milhão de queimaduras por ano e 40% desse volume são com crianças, 80% dentro de casa. Não podemos esquecer dessa questão de colocar o álcool em qualquer lugar para ter livre acesso e colocarmos a substância perto de coisas inflamáveis como velas, isqueiros ou fósforo e até o fogão. No confinamento, as mães têm que tomar cuidado com a panela quente próxima do fogão e mantê-las do lado interno porque as crianças são curiosas”.

Outro ponto observado por Marco Túlio é que a população deve evitar dentro de casa o uso do álcool líquido, inclusive na limpeza, dando preferência ao sabão e detergentes também indicados pela Anvisa e eficaz contra o Covid-19. Vale lembra ainda que a medida foi aprovada com o objetivo de baratear preços e conter a ansiedade da população na busca pelo álcool gel, que já começa a faltar nas lojas especializadas, supermercados e farmácias. Porém, o médico chama atenção para os cuidados com o manuseio. “Nós não podemos eliminar um problema e criar outro”, terminou.

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