Um estudo pode ajudar a entender melhor a sífilis e ajudar a desenvolver vacinas. A pesquisa foi realizada em parceria entre a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Virginia Commonwealth University nos Estados Unidos. Uma pesquisa demonstrou as diferenças genéticas entre as cepas de Treponema pallidum, linhagem de bactéria causadora da sífilis, que pode estar associada à forma venérea ou não venérea da doença.
O trabalho foi publicado na revista científica BMC genomics em janeiro de 2020. A pesquisa foi desenvolvida pelo doutorando Arun Kumar Jaiswal, sob orientação do professor Siomar de Castro Soares, da UFTM. Segundo os pesquisadores, a sífilis tem gerado preocupações em âmbito mundial pelo aumento do número de casos e surgimento de bactérias resistentes aos tratamentos convencionais.
A pesquisa avaliou, por meio de ferramentas de bioinformática, todas as cepas isoladas de diferentes partes do mundo e que possuem seu genoma disponibilizado no banco de dados do Genbank nos Estados Unidos. Foi demonstrado que as cepas que causam a forma venérea ou não venérea da sífilis apresentam diferenças na plasticidade genômica, ou seja, na capacidade de alterar seu genoma.
Para o doutorando Arun Jaiswal, esse trabalho foi importante, pois as sequências genômicas de 53 cepas de Treponema pallidum isoladas de diferentes partes do mundo e uma variedade de hospedeiros foram analisadas. Ele destaca que o estudo pode ajudar a entender melhor os modos moleculares da infecção bacteriana e é importante para o desenvolvimento de vacinas contra a sífilis numa escala global.
O professor Siomar de Castro Soares explicou que estudar a sequência genômica de um organismo é o primeiro passo para compreender a patogenicidade do mesmo. “Esse é o primeiro trabalho de pangenômica de Treponema pallidum e complementa as análises de vacinologia reversa já publicadas pelo grupo. Essa pesquisa abre portas para a criação de uma vacina multiepitopo contra a sífilis, que já se encontra em processo de identificação via bioinformática”, destaca o professor.
A pesquisa ainda contou com a colaboração do professor Vasco Azevedo, da UFMG; professor Carlo José Freire de Oliveira, da UFTM; pesquisador Preetam Ghosh, da Virginia Commonwealth University nos EUA, e estudantes de pós-graduação da UFTM e UFMG, respectivamente.