SAÚDE

Alimentação inadequada impulsiona sintomas do autismo, diz especialista

Estudos recentes mostram que o planejamento alimentar leva a melhoras nos sintomas de forma geral

Michelle Rosa
Publicado em 07/12/2019 às 09:13Atualizado em 18/12/2022 às 02:34
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Divulgação

Segundo Paula Ribeiro, alguns sintomas, como falta de concentração e irritabilidade, podem estar ligados à alimentação

Especialistas afirmam que a nutrição adequada é base para o tratamento de qualquer doença, como o Transtorno do Espectro Autista. Sintomas do autismo, como falta de concentração, irritabilidade e disfunção imunológica, podem ser aparecer devido a uma alimentação inadequada. 

A nutricionista Paula Ribeiro explica que o autismo é uma disfunção neurobiológica em que uma série de condições afeta o desenvolvimento da criança. “Uma mudança nos critérios diagnósticos definiu que diferentes síndromes relacionadas com perturbações ou alterações do desenvolvimento neurológico são entendidas como variações do autismo, e passou-se então a utilizar o termo Transtornos do Espectro Autista (TEA)”, conta.

Questionada sobre o papel da alimentação no tratamento para os portadores da síndrome, Paula é enfática e conta que estudos recentes mostraram que o planejamento alimentar levou a melhoras nos sintomas de forma geral, assim como no isolamento social e até nas habilidades de comunicação e interação.

“Os alimentos são nutrientes e cada um tem um papel fundamental à nossa saúde física e mental para o desenvolvimento neurológico e expressão genética, ou seja, os nutrientes compõem todo o nosso organismo e, nesse caso, a alimentação se torna um eixo essencial para resultados positivos em todo o tratamento. Os objetivos da programação alimentar são reduzir a inflamação, otimizar as vias metabólicas, trazer o corpo para o funcionamento ótimo. Uma criança autista - assim como qualquer pessoa - que se alimenta corretamente, responde melhor a todas as atividades, dorme melhor e, consequentemente, terá qualidade de vida”, detalha a nutricionista.

Alimento mais pobre e tóxico agride intestino de portadores de TEA

De acordo com Paula Ribeiro, existem aproximadamente 1.069 genes relacionados ao TEA. Além da genética, existem fatores ambientais que acometem o indivíduo de diversas formas e combinações de manifestações. Um diagnóstico adequado quando surgem os primeiros sintomas (gastrointestinais, metabólicos ou comportamentais) permite uma intervenção eficaz para que não haja o agravamento do TEA.

“Alguns estudos mostram que a microbiota intestinal de um autista é diferente da de uma criança neurotípica, com cepas e quantidades diferenciadas. Além disso, os metabólitos produzidos por algumas bactérias que existem somente no intestino de autistas interferem na biossíntese de neurotransmissores. Por isso eles apresentam algumas intolerâncias”, aponta Paula Ribeiro.

Ainda segundo a nutricionista, os alimentos estão mais pobres (nutrientes menos ativos) e mais tóxicos, temos uma infinidade de alimentos disponíveis, de longa durabilidade, mas que têm trazido efeitos desastrosos, agredindo o intestino, causando inflamação sistêmica e disfunção imunológica. “Portanto, uma parte importante do tratamento é melhorar o estado nutricional e impedir o aparecimento ou agravamento dos sintomas que podem estar relacionados à qualidade alimentar ingerida”, enfatiza.

Ela conclui dizendo que substituir alimentos não é uma tarefa fácil, mas é possível. “Retirar alimentos e incluir outros, dentro de uma sociedade onde temos de tudo o tempo todo, não é para os fracos. Dentre as dificuldades estão a seletividade e as novas receitas, que demoram um tempo para pegarmos o jeito de fazer até acertar a mão! É preciso persistência e um trabalho em equipe. A família deve se unir! O melhor é saber que o resultado de todo o esforço é proporcionar qualidade de vida ao portador de TEA”, conclui.

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