SAÚDE

Tecnologia em excesso pode levar crianças à compulsão

As estratégias de marketing utilizadas para seduzir as crianças nas redes sociais têm resultado em adultos compulsivos com gatilhos despertados na infância

Marília Mayer
Publicado em 11/10/2019 às 16:15Atualizado em 18/12/2022 às 01:01
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Imagine essa cena: um restaurante e uma família com quatro pessoas à mesa. O pai sentado de frente para mãe com seus dois filhos. De repente, as crianças começam a brincar de esconde-esconde. Então, os dois adultos colocam vídeos do YouTube nos celulares na tentativa que as crianças fiquem quietinhas. Os filhos, por sua vez, param a correria e voltam toda a atenção para o conteúdo veiculado pelo canal especialista em entretenimento infantil.

Posso apostar que se você não esteve como personagem de uma situação como essa, provavelmente, já observou alguma.

É fato que produtores de conteúdo para internet – youtubers/bloggers/instagrammers e por aí vai – tornaram o vídeo a principal forma de consumo de informação atual.

Ranking do YouTube mostra que canais com conteúdo para crianças e adolescentes estão entre aqueles com maior número de visualizações e inscritos no Brasil.

A fama na internet significa ser remunerado não somente pela plataforma, mas pelas marcas que apostam no poder de persuasão dos influenciadores digitais para alavancar as vendas de seus produtos.

Se por um lado a “Era da Informação” facilita o acesso ao conhecimento de qualquer lugar do mundo, por outro, maximiza as chances do adoecimento mental.

As estratégias de marketing utilizadas para seduzir as crianças nas redes sociais, apresentando produtos inovadores e gerando uma necessidade de consumo, têm resultado em adultos compulsivos com gatilhos despertados na infância.

“Eu sempre falo da nossa raiz porque tudo é voltado para a infância. Desde a gestação da mãe, tudo pode influenciar no nosso dia de hoje e a gente não tem a noção disso. A gente só vai ter consciência quando fizermos um tratamento”, afirma a psicóloga Ana Seabra.

A especialista em comportamento compulsivo defende que as crianças devem ter tempo de divertimento fora da internet e fazer exercícios físicos regulares. Além disso, alerta os pais quanto ao tempo que seus filhos passam na internet.

“É possível sim uma criança compulsiva, mas depende da compulsão. Não seria uma compulsão de compras, por exemplo, porque a criança ainda não tem uma visão do que vale ou o quanto vale, mas outros tipos, como a alimentação”, alerta.

A orientação para os pais é para que observem a forma que a criança gosta de brincar, mudanças bruscas de comportamento e que destinem um período de diálogo e brincadeira com os filhos.

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