Foto/divulgação HC-UFTM
Mais de 82% dos idosos que passam por atendimento ambulatorial no Hospital de Clínicas da UFTM apresentam risco de desenvolver doenças cardiovasculares e metabólicas, como hipertensão e diabetes. Essa informação faz parte de pesquisa realizada pela nutricionista Hayanny Pires Netto Guimarães.
O objetivo do trabalho foi traçar o perfil dos pacientes do Ambulatório de Geriatria do HC-UFTM. Fizeram parte do estudo 105 homens e mulheres com 60 anos de idade ou mais, atendidos entre abril e setembro de 2017. Colaboraram com a pesquisa o geriatra Guilherme Rocha Pardi e a nutricionista Márcia Clara Simões.
De acordo com o estudo, a média de idade dos idosos atendidos no HC é de 75,6 anos, sendo 61 anos a menor e 99 a maior. A maioria é do sexo feminino (68,8%), branca (56,2%), ganha até um salário mínimo (57,1%) e mora com cônjuge ou familiares (88,6%).
Sobre o estado nutricional, 47,6% dos idosos apresentaram excesso de peso segundo o Índice de Massa Corporal (IMC). A pesquisa registrou também risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas em 82,8% deles. Para chegar a esse indicador, os pesquisadores utilizaram como parâmetro o percentual de gordura visceral.
“O sobrepeso pode desencadear vários problemas no paciente idoso, como diabetes, hipertensão, entre outras doenças cardiovasculares, assim como acidente vascular cerebral (AVC). Além disso, o excesso de peso causa osteoartrose, principalmente no joelho. Também causa problemas no quadril e na coluna”, relata Pardi, orientador da pesquisa.
Quanto aos hábitos alimentares dos idosos, o estudo revelou que os principais fatores envolvidos na escolha dos alimentos foi o gosto pessoal (87,6%), a preferência por produtos tidos como saudáveis (78,1%), o preço (70,5%), a aparência (67,6%) e questões relacionadas à acessibilidade física (50,5%)
Entre os grupos alimentares mais consumidos por eles diariamente, destacaram-se os cereais, encabeçados pelo arroz (92,4%); leguminosas, principalmente o feijão (85,8%); carnes e ovos (80%); as hortaliças (79,1%); os laticínios (62,9%); as frutas e os sucos naturais (57,1%). Prevalece uma cultura de alimentos in natura, com baixa frequência de processados.
“Esse estudo reforça a importância do acompanhamento multiprofissional para o paciente idoso. O trabalho do médico precisa ser feito em parceria com o nutricionista. Não adianta apenas receitar remédios para diabetes ou colesterol se não houver uma reeducação alimentar. O paciente precisa ser orientado e o trabalho do nutricionista é essencial”, conclui o geriatra.