SAÚDE

Falta de informação é o principal motivo de gravidez não planejada, alerta pesquisadora do HC-UFTM

A média de idade das entrevistadas foi de 23,6 anos, sendo 13 anos a menor e 40 a maior

Michelle Rosa
Publicado em 17/08/2019 às 09:09Atualizado em 17/12/2022 às 23:31
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Divulgação

Mais de 70% dos partos realizados no HC da UFTM resultam de gestações não planejadas

Mais de 70% dos partos realizados no Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) resultam de gestações não planejadas. Essa foi a conclusão a que chegou a professora Bibiane Dias Miranda, do curso de Enfermagem da UFTM, após pesquisa com 269 pacientes. 

A média de idade das entrevistadas foi de 23,6 anos, sendo 13 anos a menor e 40 a maior. Entre elas 64% eram casadas ou tinham uma união estável, 45% estavam desempregadas e 38,7% dependiam financeiramente dos maridos ou companheiros. Quase todas afirmaram ter realizado consultas pré-natal (98,9%).

O objetivo principal foi retratar como as mulheres que dão à luz no HC compreendem a questão do planejamento reprodutivo. Para isso, foram feitas visitas diárias entre março e novembro de 2018 ao alojamento de Ginecologia e Obstetrícia.

“Queríamos saber se as pacientes desejaram previamente aquela gravidez e se, a partir daquele momento, pretendiam seguir algum planejamento reprodutivo. O intuito foi identificar falhas nesse planejamento e ver o que faltava”, resume a pesquisadora.

Miranda incluiu no estudo apenas mulheres que estavam no pós-parto, por considerar esse momento oportuno para abordar o tema. “A gente vê casos de nova gestação já no pós-parto. Além de não ser bom fisiologicamente para a mulher, afeta também seu planejamento de vida. O pós-parto é uma oportunidade que os profissionais da saúde têm para orientar sobre a importância de planejar a próxima gravidez e sobre o tipo de contraceptivo recomendado durante a amamentação”, argumenta. 

Projeto fez parte de um edital de bolsas de incentivo à iniciação científica. Pesquisa da professora Bibiane Dias Miranda, do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), aponta que do total de participantes, 74,3% não planejaram a gravidez e 62,5% afirmaram ter usado algum método de prevenção, sendo a pílula a escolha de 52,4% delas. A injeção hormonal foi citada por 23,2% e o preservativo masculino, por 17,3%. Cerca de 30% relataram não ter utilizado de forma adequada o método escolhido.

“Elas contaram que não usavam a pílula de maneira regular. Isso acaba prejudicando o efeito desejado. Muitas engravidaram devido a esse mau uso”, relembra a enfermeira residente Anna Luiza Salathiel Simões, que colaborou na condução das entrevistas.

O levantamento revelou, ainda, que 94,1% das entrevistadas têm interesse em usar algum contraceptivo após o parto, sendo o dispositivo intrauterino (DIU) preferido por 35,3% delas. O médico é o profissional que a maioria vai procurar para obter mais orientações sobre o uso de anticoncepcional (92,5%) e o hospital é o local onde 51,4% pretendem adquirir o método preventivo, o que está diretamente relacionado à escolha pelo DIU.

“Fatores sociais influenciam muito o uso de contraceptivos. As mulheres mais velhas, com companheiro, tinham melhor planejamento reprodutivo e faziam uso de anticoncepcional”, analisa Miranda. O próximo passo da pesquisadora é compartilhar essas informações com os profissionais da especialidade de Ginecologia e Obstetrícia do HC e, dessa forma, otimizar a assistência prestada pelo Hospital.

O projeto fez parte de um edital de bolsas de incentivo à iniciação científica, lançado pela Gerência de Ensino e Pesquisa do HC, a fim de gerar conhecimento aplicável à realidade do Hospital de Clínicas. Na iniciativa, são observados os princípios do Sistema Único de Saúde e da gestão pública no tocante à humanização e à excelência em saúde.

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