Uma pesquisa com mulheres que deram à luz no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM) mostra que mais de 70% dos partos realizados resultam de gestações não planejadas. O levantamento foi feito pela professora Bibiane Dias Miranda, do curso de Enfermagem da UFTM, com uma amostra de 269 pacientes.
O objetivo principal foi retratar como as mulheres que dão à luz no HC compreendem a questão do planejamento reprodutivo. Para isso, foram feitas visitas diárias entre março e novembro de 2018 ao alojamento de Ginecologia e Obstetrícia.
“Queríamos saber se as pacientes desejaram previamente aquela gravidez e se, a partir daquele momento, pretendiam seguir algum planejamento reprodutivo. O intuito foi identificar falhas nesse planejamento e ver o que faltava”, resume a pesquisadora. Miranda incluiu no estudo apenas mulheres que estavam no pós-parto, por considerar esse momento oportuno para abordar o tema.
A enfermeira residente Anna Luiza Salathiel Simões, que colaborou na condução das entrevistas, elucida a questão do contraceptivo. “Elas contaram que não usavam a pílula de maneira regular. Isso acaba prejudicando o efeito desejado. Muitas engravidaram devido a esse mau uso. ”
Perfil das participantes
A média de idade das entrevistadas foi de 23,6 anos, sendo 13 anos a menor idade e 40 a maior. Delas, 64% eram casadas ou tinham uma união estável, 45% estavam desempregadas e 38,7% dependiam financeiramente dos maridos ou companheiros. Quase todas afirmaram ter realizado consultas pré-natal (98,9%).
Do total de participantes, 74,3% não planejaram a gravidez e 62,5% afirmaram ter usado algum método de prevenção, sendo a pílula a escolha de 52,4% delas. A injeção hormonal foi citada por 23,2% e o preservativo masculino por 17,3%. Cerca de 30% relataram não ter utilizado de forma adequada o método escolhido.
O levantamento revelou, ainda, que 94,1% das entrevistadas têm interesse em usar algum contraceptivo após o parto, sendo o dispositivo intrauterino (DIU) preferido por 35,3% delas.
“Fatores sociais influenciam muito o uso de contraceptivos. As mulheres mais velhas, com companheiro, tinham melhor planejamento reprodutivo e faziam uso de anticoncepcional”, analisa Miranda.
O próximo passo da pesquisadora é compartilhar essas informações com os profissionais da especialidade de Ginecologia e Obstetrícia do HC e, dessa forma, otimizar a assistência prestada pelo hospital.
O projeto fez parte de um edital de bolsas de incentivo à iniciação científica, lançado pela Gerência de Ensino e Pesquisa do HC, a fim de gerar conhecimento aplicável à realidade do Hospital de Clínicas.