SAÚDE

Laboratório da UFU identifica composto sintético capaz de inibir zika vírus

Segundo o Ministério da Saúde, “a doença pelo vírus zika apresenta risco superior a outras arboviroses, como dengue, febre amarela e chikungunya

Publicado em 16/12/2019 às 17:56Atualizado em 18/12/2022 às 02:51
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Desde 2015, um grupo de cientistas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) cultiva células, infecta-as com vírus de doenças como zika e chikungunya e testa substâncias que possam inibir a ação desses vírus. Agora, eles identificaram que um composto sintético derivado do ácido antranílico é capaz de reduzir a multiplicação do zika vírus em até 86%. Os resultados parciais foram publicados em novembro na revista Scientific Reports, do grupo Nature.

“Nós testamos moléculas que foram isoladas da natureza, como compostos isolados de plantas do cerrado ou proteínas de peçonhas brasileiras, e também compostos que são desenvolvidos por laboratórios colaboradores com base em estruturas naturais”, explica a professora Ana Carolina Gomes Jardim, que coordena o estudo.

No Laboratório de Virologia, vinculado ao Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM/UFU), foram feitos os testes in vitro com as células cultivadas. O estudo foi desenvolvido em parceria com o Laboratório de Fisiologia Integrativa e Nanobiotecnologia Salivar (ICBIM/UFU) e o Laboratório de Nanobiotecnologia, do Instituto de Biotecnologia (IBTEC/UFU). O composto testado foi sintetizado pelo Laboratório de Química Verde e Medicinal da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de São José do Rio Preto, coordenado pelo professor Luis Octávio Regasini.

O zika é um arbovírus (vírus transmitido por picadas de insetos) cujo vetor é o mosquito Aedes aegypti. Segundo o Ministério da Saúde, “a doença pelo vírus zika apresenta risco superior a outras arboviroses, como dengue, febre amarela e chikungunya, para o desenvolvimento de complicações neurológicas”, como encefalites, Síndrome de Guillain Barré e microcefalia.

Na UFU, os testes foram feitos com vírus produzidos em laboratório com a mesma sequência genética do zika vírus brasileiro, mas com um gene extra que sintetiza uma proteína que emite luminescência na presença de um substrato, o que permite aos cientistas observarem a atividade desse vírus. O composto sintético FAM E3, capaz de inibir a ação do zika vírus, foi desenvolvido com base na estrutura natural de uma planta do cerrado.

“Nós infectamos as células na presença desse composto e comparamos com uma célula infectada que não foi tratada. Então, percebemos que existe uma redução da infectividade do vírus a níveis muito parecidos com uma célula não infectada”, afirma Jardim. Os pesquisadores da UFU identificaram, inclusive, em qual parte do ciclo de vida do zika vírus o composto FAM E3 agiu. A próxima etapa serão testes in vivo, ou seja, com animais.

A pesquisa foi desenvolvida com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e também do Fundo Newton, um recurso da agência britânica The Royal Society. Os pesquisadores da UFU passaram por treinamento no Reino Unido e na Estônia.  

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