POLÍTICA

Podemos esperar renovação? Vejam alguns aspectos que podem interferir nas eleições municipais

Raiane Duarte
Publicado em 19/10/2020 às 14:43Atualizado em 18/12/2022 às 10:25
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As eleições municipais se aproximam e as expectativas aumentam. Em 2020, o cenário é novo; datas diferentes e, em Uberaba, um maior número de cadeiras no legislativo. Com isto, surgem algumas dúvidas: a população irá votar? As campanhas feitas pela internet terão a mesma abrangência? As pesquisas são confiáveis? Como o eleitor está lidando com a propagação das fake news? O grande número de candidatos deve gerar renovação?

Em entrevista à Rádio JM, o professor da Universidade de Uberaba (Uniube), doutor em Direito e especialista em Ciência Política, René Bernardes, traçou um cenário de possibilidades em torno das eleições em Uberaba. 

Pesquisas

Estão sendo realizadas pesquisas de opinião e aquela antiga questão do "não vou perder meu voto, votando em quem está atrás nos estudos” ainda paira no ar. René Bernardes analisa que esse pré-conceito ainda influencia na decisão de voto e que as pesquisas podem surtir efeito negativo.

“Por vezes vejo as pesquisas de um modo ruim, porque nós votamos ou deveríamos votar naquela pessoa que representa o que queremos para a nossa sociedade. Quando chega uma estatística, não se sabe a confiabilidade do instituto que fez aquele estudo, pois a forma de perguntar e a gramática utilizada pode alterar aquilo que a pessoa vai responder, porque ela pode não entender ou ser induzida a certa resposta.  Manipular o resultado não é difícil”.  Desta forma, ainda pode ocorrer do eleitor, vendo o resultado da pesquisa, abrir mão daquilo que acredita para "votar no menos ruim”, mas que tem mais chances, conclui René. 

11 candidatos a prefeito e 502 a vereador 

Outro ponto que pode impactar nas eleições municipais de Uberaba é o montante de concorrentes; são 11 candidatos a prefeito e 502 pedidos de candidatura de vereadores. “A probabilidade de um segundo turno com tantos candidatos aumenta, porque você vai picar os votos entre esses onze”. Quanto ao legislativo, René faz um panorama clar “se há mais nomes, logo permite-se uma renovação, a questão é: quais as chances de votos que esses novos nomes têm?”. O professor exemplifica que essas chances crescem quando o candidato representa algum segmento ou minoria da sociedade. 

“Exemplo, um candidato que representa um bairro, que está preocupado com os problemas e que os moradores veem alguém bem intencionado. O bairro Abadia é um grande bairro e que teria condição de eleger um representante em observação daquele segmento social”, pontua. René Bernardes complementa que espera que haja renovação e que os representantes do povo estejam mais alinhados com o que se espera da política, pessoas mais éticas, mais atreladas a representação popular e atentos aos moradores. 

Também é possível observar um discurso de mudança sendo utilizado por muitos candidatos, contudo, nem sempre há propostas concisas por trás disso, ou verificação por parte dos eleitores. “Na esfera municipal eu não vejo que as pessoas tenham consciência ainda dessa necessidade de mudança em um grau que poderia ajudar, creio que é por isso que acabamos tendo propagandas eleitorais tão hilárias e pouco sérias”.  

Fake news e polarização

Em 2018, durante as eleições presidenciais, o processo foi afetado por dois pontos que podem ser destacados: a propagação de “fake news” e a polarização entre direita e esquerda. Contudo, René Bernardes vê esses aspectos já um pouco enfraquecidos. 

“Agora, as pessoas têm mais consciência de que nem tudo que veem na internet é verdadeiro. A credibilidade das redes sociais caiu um pouco, elas podem ser muito úteis, mas podem ser falaciosas e causar um desserviço". 

Em relação a polarização esquerda/direita, René aponta que ainda existe, porém, sem a mesma força de dois anos atrás. “Esse mesmo debate de polarização, que tende a tornar absoluto o bem e o mau em um candidato ou em outro, ele perdeu força, percebo que as pessoas não tem mais paciência para conversar em termos tão extremos. Ainda existe e pode definir em favor de um ou outro candidato, mas não de forma predominante”, conclui.

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